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Descrição de chapéu Banco Central

Desafios de Galípolo, a alta de empregos 'verdes' nos EUA e o que importa no mercado

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Victor Sena
São Paulo

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Galípolo é colocado à prova

Armínio Fraga, o comandante do Banco Central de 1999 a 2003, vê a confirmação de Gabriel Galípolo para comando da instituição como uma oportunidade de o governo Lula compreender alguns desafios do Brasil.

Ele conversou com a Folha na tarde de ontem, assim que o ministro Fernando Haddad confirmou a indicação, em nome do presidente da República.

  • "A minha expectativa é que, sendo ele uma pessoa da confiança, possa conversar com eles lá de dentro, e dizer: 'Olha, o Banco Central sozinho não resolve, e não é maldade de ninguém'", disse o economista.

Restrições. Armínio Fraga declarou apoio a Lula nas eleições de 2022, mas hoje critica a administração das contas públicas.

Para ele, Galípolo tem desafios porque o contexto é de incerteza sobre o futuro dos gastos do governo, da inflação e do dólar.

Sim, mas… Fraga vê essas restrições que ele enfrentará como algo positivo porque exigirão decisões acertadas.

↳ A primeira das restrições seria a própria autonomia dada ao presidente do BC, com mandato de quatro anos.

↳ Outra é a desconfiança ainda presente de agentes do mercado financeiro, que defendem um controle forte da inflação usando o patamar de juros que for necessário para isso.

↳ O alto preço político a ser pago pelo governo em caso de decisões equivocadas é outra dessas dificuldades no caminho.

Fragilidade. O Brasil só fechou as contas no azul uma vez nos últimos dez anos, em 2022.

Déficits seguidos elevam a dívida pública, a inflação e o risco de calote aos investidores.

O resultado é o juro em patamar alto e o crescimento mais fraco.

A meta. O governo tem como compromisso fechar as contas ao menos no zero a zero, sem déficit, em 2024 e em 2025.

O alvo de 2025, porém, era mais desafiador e foi relaxado meses atrás, o que aumentou a desconfiança de agentes do mercado.

Nos últimos meses, a alta das expectativas de inflação para 2025, os preços de hoje e o dólar valorizado são vistos como resultado dessa incerteza.

Nesse cenário, há quem defenda uma alta de juros na próxima reunião do Banco Central, em setembro, que desfaria parte dos cortes feitos entre 2023 e 2024.

↳ A taxa básica de juros, Selic, hoje está em 10,50% ao ano.

↳ A inflação corrente estava 4,50% em julho, acima do centro da meta, que é 3%.

Mais repercussões. A confirmação de Gabriel Galípolo é vista com bons olhos pelo mercado porque retira a incerteza que pairava, apesar do nome dele já ser dado como certo.

A Bolsa de Valores reagiu positivamente e fechou em novo patamar recorde, com alta de ações de peso, como Vale, Itaú e Bradesco.

↳ Há quem alerte, assim como Armínio Fraga, que a credibilidade de Galípolo, mesmo que crescente, ainda não foi alcançada totalmente.

Próximos passos. Se aprovado na sabatina do Senado, assume o cargo de Roberto Campos Neto, à frente da instituição desde 2019 por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e cujo mandato termina em 31 de dezembro.

Senadores da base aliada abriram articulações para a sessão ser realizada no dia 10 de setembro, mas enfrentam resistências. Alguns tentaram até a próxima terça-feira (3).

Atritos entre o Senado e o governo federal, incluindo o impasse criado pelo congelamento do pagamento de emendas parlamentares, são pedras no caminho.

Outro fator é o envolvimento de parlamentares nas campanhas municipais, o que reduz o quórum do Senado.

↳ Os próximos dias devem ser de negociações.

Quem é: torcedor do Palmeiras, Galípolo, atualmente diretor de Política Monetária, é economista, com graduação e mestrado pela PUC-SP. Entre os autores favoritos, estão Machado de Assis e Dostoiévski.

Aos 42 anos — idade média de outros presidentes de bancos centrais —, foi auxiliar de Haddad na Fazenda em 2023 e colaborou com a campanha de Lula.

↳ Antes, presidiu o banco Fator. Isso é visto como facilitador do seu bom relacionamento com o mercado financeiro.

↳ Uma curiosidade: ele é namorado de Elisa Veeck, âncora da CNN Brasil.

mais emprego verde

Os empregos no setor de energia limpa cresceram em um ritmo duas vezes maior do que o mercado de trabalho em geral nos Estados Unidos em 2023.

↳ As contratações subiram 4,2%, enquanto a taxa geral foi de 2%.

Entenda: o motivo desse crescimento é o impulso da transição energética rumo a uma economia de carbono neutro no mundo e incentivos do governo Biden nos EUA.

As oportunidades surgem principalmente em fábricas de painéis solares, baterias e turbinas eólicas, além de profissões que atendem diretamente os consumidores.

↳ Um exemplo são os técnicos que instalam painéis em telhados.

Falta gente. Em alguns setores, como o de energia solar, há escassez de profissionais qualificados para a instalação dos painéis.

↳ A AES Corp., uma das maiores empresas de energia renovável dos EUA, desenvolveu um robô para auxiliar no trabalho em grandes fazendas solares.

↳ Na Alemanha, já existem painéis que os moradores instalam sozinhos em seus telhados.

Trabalho verde. Enquanto o setor de energia renovável busca mais profissionais, o setor de combustíveis fósseis enfraquece. As empresas de petróleo, por exemplo, reduziram suas contratações frente a 2022 em 6%. As de carvão, em 5,3%.

A agenda verde de Biden. Leis promulgadas pelo governo americano incentivaram esse crescimento. O governo ofereceu US$ 8 bilhões (R$ 44,5 bilhões) em crédito às famílias para a instalação de painéis solares no ano passado.

Outra medida exigiu que as montadoras reduzam pela metade as emissões totais dos veículos vendidos até 2032.

↳ Na prática, isso força a adoção de elétricos e híbridos, mas permite que as montadoras mantenham alguns modelos a combustão.

Transição. No mundo, a capacidade de geração de energia limpa cresceu 50% no ano passado em relação a 2022, com novas usinas, como as eólicas, entrando em operação.

Foram adicionados 510 GW, o equivalente à capacidade de mais de 36 usinas de Itaipu, a segunda maior hidrelétrica do mundo.

Segundo relatório da Standard & Poor’s, os investimentos em energia limpa aumentarão de US$ 640 bilhões (R$ 3,5 trilhões) em 2023 para US$ 800 bilhões (R$ 4,4 trilhões) este ano.

↳ No Acordo de Paris, 196 países se comprometeram a atingir essa meta até 2050 para limitar o aquecimento global a 1,5º C.

E no Brasil? A energia solar e eólica dispararam nos últimos anos, e só ficam atrás da geração hidrelétrica. O país é um dos que mais tem potencial no mundo.

A Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) estima que o segmento criará um 281,6 mil empregos este ano.

No setor de energia eólica, a ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) prevê 11 mil empregos ao longo do ano.


Warren Buffet no clube do US$ 1 tri

As empresas com valor de mercado acima de US$ 1 trilhão (R$ 5,57 trilhões), as mais valiosas do mundo, são predominantemente do setor de tecnologia. Mas a lista ganhou uma novidade.

Nesta quarta-feira (28), a gestora de investimentos Berkshire Hathaway, do bilionário Warren Buffet, entrou no seleto clube, que agora tem oito companhias.

A empresa se junta à petroleira Saudi Aramco, que era a única não "tech" em meio a Apple, Nvidia, Microsoft, Amazon, Meta e Alphabet (Google).

↳ A alta de 0,86% das ações da Berkshire na Bolsa americana levou seu valor de mercado a US$ 1,001 trilhão (R$ 5,57 tri).

Por que importa: a gestora investe em empresas de diversos setores, como Coca-Cola, Bank of America e Kraft Heinz. Quando compra ou vende ações, o mercado financeiro tende a seguir seus movimentos.

Um dos últimos "trades" foi a venda de parte das ações da Apple. Buffett se desfez de metade de suas ações da fabricante do iPhone e acendeu um sinal de alerta.

↳ A venda das ações da empresa da maçã no começo de agosto garantiu à Berkshire um retorno de US$ 47,2 bilhões (R$ 262,7 bilhões). Elas começaram a ser compradas em 2016.

↳ Desde aquele ano, as ações da Apple valorizaram 800%. Hoje, ela é a empresa mais valiosa do mundo, com um valor de US$ 3,4 trilhões (R$ 18,92 trilhões).

O oráculo. Buffet é conhecido por escolher com sucesso as empresas nas quais investe. Ele desenvolveu um método próprio que considera determinados indicadores financeiros para tomar decisões.

↳ O bilionário tem 93 anos e é o sexto homem mais rico do mundo. No fim do ano passado, seu braço direito na Berkshire, Charlie Munger, faleceu aos 99 anos.

Relembre o top 10 de empresas mais valiosas do mundo:

  1. Apple — US$ 3,4 trilhões
  2. NVIDIA — US$ 3,1 trilhões
  3. Microsoft — US$ 3,1 trilhões
  4. Alphabet (Google) — US$ 2,0 trilhões
  5. Amazon — US$ 1,8 trilhões
  6. Saudi Aramco — US$ 1,8 trilhões
  7. Meta (Facebook) — US$ 1,3 trilhões
  8. Berkshire Hathaway — US$ 1,0 trilhão
  9. TSMC — US$ 877,5 bilhões
  10. Eli Lilly — US$ 854,5 bilhões

Fonte: Companies Market Cap


Startup da semana: Mombak

A startup: atua no reflorestamento da amazônia com alta tecnologia, que permite medir o volume de gases removidos da atmosfera e gerar os chamados crédito de carbono.

Já levantou R$ 1 bilhão com o Fundo Amazônia e o Fundo Clima para restaurar áreas no estado do Pará.

↳ A Microsoft é uma das clientes e "encomendou" a captura de 1,5 milhão de toneladas de carbono em 2023.

Em números: recebeu mais R$ 160 milhões nesta semana para reforçar o plantio de árvores no sul do Pará, em uma região conhecida como arco do desmatamento, uma das mais desflorestadas do país.

↳ Em um ano, já plantou três milhões de mudas no município de Mãe do Rio (PA).

Quem investiu: o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), sob coordenação do governo federal.

Que problema resolve: recupera uma área em que a amazônia mais perdeu vegetação. Remove carbono da atmosfera, ajudando na mitigação do aquecimento global.

Por que é destaque: transformou as iniciativas de reflorestamento em algo com apelo para empresários. Os projetos usam espécies nativas em projetos desenhados para garantir o máximo de captura de cases possível.

Também oferece uma opção direta e facilitada para empresas que desejam compensar sua poluição com créditos que vêm de reflorestamento.

↳ O mercado de crédito de carbono permite que empresas "verdes" levantem dinheiro ao vender créditos a empresas poluidoras. E vice-versa: permite que empresas poluidoras abatam esses créditos comprados no total das suas emissões.

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