O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, anunciou medidas destinadas a abordar o impacto negativo do excesso de turismo, à medida que os visitantes continuam a chegar em números recordes na era pós-pandemia.

O governo tem estado "muito preocupado" com o influxo de passageiros de cruzeiros durante certos meses do ano e começará a cobrar taxas, disse Mitsotakis no sábado (7) durante seu discurso anual na Feira Internacional de Salônica. Também aumentará um imposto relacionado à crise climática sobre acomodações.

A Grécia recebeu um recorde de 36,1 milhões de visitantes em 2023, enquanto as chegadas aumentaram 16% para 11,6 milhões no primeiro semestre de 2024, de acordo com os dados mais recentes do Banco da Grécia. O setor de turismo contribui com cerca de 20% para a economia, tornando-o vital para a saúde da nação.

O país também expandirá seu chamado programa "Golden Visa" para investidores que estejam dispostos a investir pelo menos 250 mil euros (R$ 1,5 milhão) em startups locais. Estrangeiros anteriormente precisavam comprar propriedades para obter o visto.

Todos os passageiros que chegam aos portos gregos pagarão uma taxa, e a cobrança será maior nas ilhas turísticas populares de Santorini e Mykonos. A taxa "será de 20 euros para os meses difíceis durante a alta temporada", disse Mitsotakis em uma coletiva de imprensa no domingo (8). Um imposto de hospedagem para o período de abril a outubro também será aumentado, com a receita beneficiando as comunidades locais.

Mitsotakis reiterou a preocupação de que partes da Grécia enfrentam o problema do "excesso de turismo". Em uma entrevista à Bloomberg em junho, ele anunciou planos para restringir navios de cruzeiro que visitam as ilhas mais populares do país a partir de 2025.

As locações de curto prazo foram culpadas por alimentar a crise habitacional do país, que, juntamente com os altos preços ao consumidor, tem sido o centro do debate político recente.

O governo proibirá qualquer nova locação de curto prazo por pelo menos um ano em três partes principais de Atenas, disse Mitsotakis. Proprietários que mudarem locações de curto prazo para longo prazo não precisarão pagar imposto de aluguel por três anos, assim como os proprietários que decidirem alugar suas casas em vez de mantê-las fora do mercado, disse ele.

As locações de férias aumentaram uma média anual de 28% de 2019 a 2023, enquanto as locações de curto prazo disponíveis dobraram no mesmo período. Enquanto isso, o alojamento em hotéis aumentou apenas 3,5% nesse período, de acordo com dados publicados em um relatório da Grant Thornton para a Câmara de Hotéis do país divulgado nesta semana.

O governo também iniciará um novo programa de 2 bilhões de euros que será usado para reduzir os custos de juros de empréstimos hipotecários.

Mais Medidas

Mitsotakis revelou no sábado uma série de medidas destinadas a reduzir o custo de vida, incluindo uma redução nas contribuições para a previdência social em 1 ponto percentual em 2025, em vez de um corte de 0,5 ponto previamente planejado.

O primeiro-ministro também anunciou, entre outras coisas:

• Um aumento de 2,2% a 2,5% em cerca de 2 milhões de pensões a partir de 1º de janeiro.
• Um aumento no salário mínimo a partir de abril
• Um aumento nos salários do setor público, especialmente para médicos, bombeiros e trabalhadores do exército e forças policiais
• Vários alívios fiscais para ajudar os autônomos, agricultores e outros
• Mudanças nos benefícios de desemprego

"Não tenho um saco de gastos imprudentes hoje", disse ele. "Nossos gastos para 2025 estão bem equilibrados."

A Grécia já se comprometeu a atingir um superávit primário orçamentário —um índice que mostra a receita menos os gastos, excluindo pagamentos de juros— de 2,1% do PIB para 2024 e 2025, acima de 1,9% em 2023.

A disciplina fiscal é um dos critérios mais importantes para os mercados financeiros, e o caminho orçamentário prudente recente do país foi um dos motivos para as agências de classificação retornarem a Grécia à zona de grau de investimento em 2023 após 13 anos em status de lixo.

"Superávits primários saudáveis e crescentes, em conjunto com um crescimento nominal sólido, facilitarão uma redução significativa adicional na dívida pública em relação ao PIB, que deverá cair para abaixo de 140% até 2027, de 161,9% em 2023", disse a DBRS Morningstar na sexta-feira (6).