Governo paraguaio é cobrado por povo e opositores por falha em combater guerrilha
Força-tarefa de policiais e militares não consegue desmantelar o grupo Exército do Povo Paraguaio
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Em ato de desespero, Obdublia Florenciano ameaçou se crucificar. Uma semana antes, ela montara acampamento à beira de uma estrada no norte do Paraguai com marido e dez filhos, à espera do derradeiro destino do 11º.
Suboficial da Polícia Nacional, Edelio Morínigo foi sequestrado em setembro de 2014 pelo Exército do Povo Paraguaio (EPP), guerrilha que defende o direito à terra e usa os sequestros para chamar atenção à sua causa.
A última prova de vida foi enviada em novembro daquele ano, quando os criminosos publicaram um vídeo sobre o estado de outro prisioneiro, o adolescente brasiguaio Arlan Fick. Filho de um pecuarista, ele viria a ser libertado no mês seguinte após a família pagar US$ 300 mil.
Já do policial nada se soube até o dia 11, quando a Força-Tarefa Conjunta (FTC), tropa de policiais e militares criada para combater a guerrilha, entregou à família um panfleto em que o grupo anunciava a morte dele.
O volante levou a um cerco de uma área de 600 hectares de floresta e plantações perto de Arroyito, no departamento de Concepción, a 300 km da capital, Assunção.
Sete dias depois, não há respostas. A FTC diz que houve tiroteios no fim de semana, mas ninguém foi preso.
A ameaça de dona Obdublia veio na segunda (16). Em resposta, a porta-voz da polícia, Elisa Ledesma, negou que a instituição tenha deixado a família desamparada.
“O comandante tem muita atividade neste momento por causa das eleições.”
Na tarde desta quarta, porém, Luis Carlos Rojas deixou seus afazeres em Assunção e visitou os parentes de Morínigo, que desmontaram o acampamento na sequência.
Após declarar no fim de semana que o EPP estava encurralado, o porta-voz da FTC, Luis Apesteguía, mudou a versão nesta quarta (18). “Encurralar não é o termo correto. A superfície é muito grande para a tropa que temos.”
O orçamento anual da tropa de cerca de 200 combatentes é de US$ 30 milhões. Em dez anos, a força não desmantelou a guerrilha, que passou de 15 para 350 combatentes no período. Ao menos 65 pessoas foram mortas pelo grupo em ataques.
ELEITOREIRO
Opositores ao presidente Horacio Cartes questionaram se ele havia acionado o grupo por motivos eleitoreiros.
No mesmo dia, a Suprema Corte aprovava sua candidatura ao Senado, junto com a do vice, Juan Afara, e a do ex-presidente Nicanor Duarte.
Cartes e Duarte só poderiam ser senadores vitalícios, cargo assegurado a quem já foi chefe de Estado, e Afara estaria proibido de concorrer por não ter renunciado.
O governista Mario Abdo Benítez e o opositor Efraín Alegre defendem manter a FTC, apesar dos resultados.
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