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Descrição de chapéu The New York Times

Promotor responsável por investigar as Farc é acusado de receber propina

Em troca, Carlos Bermeo teria bloqueado pedido de extradição de guerrilheiro

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Bogotá | The New York Times

Um promotor colombiano encarregado de investigar a maior ex-organização guerrilheira do país foi preso e acusado de receber suborno para intervir no processo contra um ex-comandante guerrilheiro procurado nos Estados Unidos. A informação foi divulgada pelas autoridades colombianas na última sexta-feira (1º).

O promotor Carlos J. Bermeo tinha sido escolhido para atuar num tribunal especial criado para julgar processos por crimes de guerra ocorridos durante o conflito de cinco décadas entre o governo e a guerrilha, que deixou pelo menos 220 mil mortos e terminou com um acordo de paz assinado em 2016 com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, ou Farc.

Mas, segundo promotores, Bermeo aceitou dinheiro para bloquear um pedido de extradição de um ex-integrante das Farc, Jesús Santrich, que foi preso no ano passado, acusado de ter continuado a traficar drogas depois de as Farc terem deposto suas armas e abandonado suas atividades ilegais.

A Procuradoria Geral colombiana informou que prendeu Bermeo e quatro outros em dois hotéis em Bogotá quando estavam prestes a receber um pagamento de US$ 500 mil.

O ex-guerrilheiro Jesús Santrich - Adalberto Roque/AFP

A prisão causou forte impacto sobre a implementação do contencioso acordo de paz, cujos críticos incluem o presidente Iván Duque.

Antes de chegar à Presidência, Duque fez campanha contra o acordo. Ele vem criticando fortemente o tribunal especial, que, para ele, será leniente demais com os ex-guerrilheiros. O tribunal é conhecido na Colômbia por sua sigla, JEP, e na sexta-feira a hashtag #JEPCúmpliceDasFarc começou a viralizar.

“Me parece que é muito grave, um caso deplorável de corrupção”, disse Duque na sexta-feira em entrevista coletiva à imprensa.

O tribunal especial divulgou comunicado condenando quaisquer crimes possam ter sido cometidos mas também se distanciando do caso, dizendo que não tem jurisdição sobre a extradição de Santrich.

Em ainda outro detalhe surpreendente, um dos outros acusados de receber subornos para ajudar Santrich foi Luis Alberto Gil, ex-senador que tem muitos amigos na coalizão conservadora do presidente Duque.

Santrich, o ex-líder rebelde, provoca ressentimentos na Colômbia há anos. Guerrilheiro cego cujo nome real é Zeuxis Hernández, Santrich tornou-se uma figura conhecida no país, tendo atuado como negociador das Farc durante anos. Mais tarde, como parte do acordo de paz, ele recebeu uma cadeira no Congresso.

Santrich foi preso em abril, acusado de planejar exportar dez toneladas de cocaína. Os Estados Unidos pediram sua extradição, se bem que ainda não tenham divulgado evidências ligadas a esse processo.

As Farc, hoje um partido político que prega a não violência, não deram declarações imediatas sobre o caso. No passado, disseram que Santrich foi incriminado por interessados em desacreditar o acordo de paz.

Quando Santrich foi preso, muitos na Colômbia interpretaram o fato como sinal de que membros das Farc não teriam negociado de boa fé. Agrava esses receios o fato de que muitos rebeldes voltaram a empunhar armas e formaram alianças com organizações de narcotráfico. Outros altos líderes rebeldes desapareceram desde o acordo de paz, levando a especulações de que teriam aderido às facções dissidentes. ​

 

Tradução de Clara Allain

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