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Opositor de Evo afirma não reconhecer auditoria de eleição na Bolívia

Resultado de processo terá que ser acatado, diz ministro das Relações Exteriores

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La Paz | Reuters

A Organização dos Estados Americanos (OEA) começará nesta quinta-feira (30) uma auditoria dos contestados resultados das eleições presidenciais de 20 de outubro na Bolívia, que deram a vitória ao presidente Evo Morales —mas que a oposição considera uma fraude.

O resultado da inspeção será "vinculante", ou seja, de cumprimento obrigatório para todas as partes, informou o ministro das Relações Exteriores, Diego Pary.

Cerca de 30 técnicos escolhidos pelo organismo serão responsáveis, e representantes da Espanha, do México e do Paraguai foram convidados a acompanhar o processo.

O opositor Carlos Mesa, que anteriormente havia dito que a nova apuração demonstraria clara fraude eleitoral, parece ter mudado de ideia nesta quarta ao divulgar que não concorda com a auditoria sob os atuais termos. Segundo ele, as condições foram negociadas unilateralmente entre a OEA e Evo.

Em comunicado postado em uma rede social, afirmou que a auditoria "não consultou nem ao país, nem às nossas condições, sobretudo as de desconsiderar os resultados do cômputo realizado pelo TSE e a necessária participação de representantes da sociedade civil no processo".

Uma onda de protestos vem sacudindo a Bolívia desde a votação, após o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) suspender repentinamente a publicação dos resultados de um método de contagem rápido —por atas das seções de votação, e não voto a voto. O método dava vantagem a Carlos Mesa.

Quando a contagem foi retomada, no dia seguinte à eleição, ocorreu uma mudança de tendência a favor do atual presidente. A soma final, divulgada em 25 de outubro, mostrou que Evo, do Movimento Ao Socialismo (MAS), obteve 47,08% dos votos frente aos 36,51% de Carlos Mesa, do grupo Comunidade Cidadã.

O resultado deu a vitória em primeiro turno a Evo, e Mesa não reconheceu a vitória.

O chanceler não indicou quanto tempo o processo levará, mas o governo disse que deve ser rápido devido às turbulências das manifestações por parte de apoiadores dos dois lados.

Na capital La Paz, as ruas estavam tranquilas e os negócios estavam abertos durante a manhã desta quarta (30) —no dia anterior, policiais usaram gás lacrimogêneo para afastar manifestantes de barricadas.

CONTRA A CONSTITUIÇÃO

Evo, que chegou ao poder em 2006 como o primeiro líder indígena do país, governou em quase 14 anos de relativa estabilidade e crescimento econômico em um dos países mais pobres da região.

O ex-líder sindical dos plantadores de coca enfrentou uma crescente onda de insatisfação, no entanto, mesmo entre os grupos indígenas que ele apoiou, por tentar se reeleger novamente.

Alegações de favorecimento e projetos grandiosos —incluindo um palácio presidencial de US$ 34 milhões e 28 andares em La Paz— criaram um sentimento de desconforto por ele perder o contato com os trabalhadores.

Evo obteve permissão para concorrer às eleições deste ano, apesar de isso violar a Constituição boliviana, que estabelece que só é possível uma reeleição.

Evo já havia recorrido em 2014, quando disputou o terceiro mandato, alegando que sua primeira eleição não valia, afinal tinha ocorrido antes da nova Constituição, que foi promulgada em 2009. 

Já para a atual, Evo havia convocado um referendo, em 2016, para tentar mudar a Carta. Acabou ganhando o “não”, e ele passou a buscar novos recursos para burlar o artigo da Constituição.

Apelou para a Declaração Universal de Direitos Humanos, que afirma que todo cidadão deve ter o direito de concorrer a cargos públicos. Desta forma, alegou que, se não pudesse concorrer ao quarto mandato, estaria tendo seu direito humano violado. O tribunal constitucional boliviano acatou.

Ainda assim, criou-se a polêmica, a oposição foi contra, e desde então há protestos de rua frequentes contra sua candidatura.

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