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Descrição de chapéu Governo Trump

Assim como Emirados Árabes, Bahrein normaliza relações com Israel com mediação de Trump

Acordo 'trará uma nova era de paz', diz premiê israelense Binyamin Netanyahu

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Washington e Dubai | Reuters e AFP

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, anunciaram nesta sexta (11) que o Bahrein, país árabe de pouco mais de 1 milhão de habitantes, concordou em normalizar relações diplomáticas com Israel —semanas após os Emirados Árabes Unidos anunciarem acordo semelhante.

A negociação foi finalizada por telefone, em uma ligação entre Trump, Netanyahu e o rei do Bahrein, Hamad bin Isa Al Khalifa.

O presidente dos EUA, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington - Andrew Caballero-Reynolds/AFP

Em comunicado conjunto, os três países disseram que o acordo é um avanço histórico no processo de paz no Oriente Médio. "Diálogo e relações diretas entre estas duas sociedades dinâmicas e economias avançadas vão progredir a transformação positiva do Oriente Médio e aumentar estabilidade, segurança e prosperidade na região", afirma o texto.

Em vídeo, Netanyahu disse que o acordo é o início de uma nova era de paz, na qual seu país teria investido por muitos anos e cujos frutos agora colhe.

Já o presidente Donald Trump, que disputa a reeleição em novembro e aparece nas pesquisas atrás de seu rival, o democrata Joe Biden, comemorou o tratado no Twitter.

"Outro avanço histórico hoje! Nossos dois grandes amigos, Israel e Bahrein, concordaram com um acordo de paz –o segundo país árabe a anunciar paz com Israel em 30 dias!"

O Bahrein, nação insular localizada no golfo da Pérsia, é o quarto país árabe a reconhecer Israel. Além dos Emirados Árabes, também têm relações diplomáticas o Egito e a Jordânia, que estabeleceram embaixadas em 1980 e 1994, respectivamente.

O acordo com o Bahrein também prevê a abertura de embaixadas nos dois países, disse Jared Kushner, o genro de Trump que atuou como enviado dos EUA à região.

O presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, disse que o acordo é um "passo importante", que levará a um acordo "justo e permanente" para os palestinos.

Os Emirados Árabes, por sua vez, parabenizaram o Bahrein pela decisão, dizendo que esperam que o acordo tenha um "efeito positivo para a paz e a cooperação" no Oriente Médio.

Já o Irã, cuja emergência como potência rival dos países árabes e de Israel é parte da razão por trás dos acordos, disse que a negociação é uma "grande traição das causas palestina e islâmica".

Reconhecida pela ONU como representante do povo palestino e responsável pelo controle de partes da Cisjordânia, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) chamou o acordo de "outra traição". Na sexta, a Autoridade Nacional Palestina (ANP), órgão da OLP que governa a Cisjordânia, reconvocou seu embaixador no Bahrein.

O rei do Bahrein disse que o tratado não muda a posição do país a favor de uma solução de dois estados para o conflito entre Israel e Palestina. Nenhuma das partes do acordo anunciado nesta sexta falou sobre concessões que Israel teria feito em favor dos palestinos.

Sob Netanyahu, o país acelerou a estratégia de construção de assentamentos judeus em território palestino e anunciou anexações de áreas da Cisjordânia, ações consideradas ilegais pelas Nações Unidas.

Os palestinos se recusam a negociar com os israelenses sob mediação de Trump, que foi acusado pelo presidente da ANP, Mahmoud Abbas, de ser pró-Israel.

Em 13 de agosto, os Emirados Árabes Unidos chegaram a um acordo semelhante para normalizar relações com Israel, também mediado por Trump. Em troca, Netanyahu concordou em suspender temporariamente a anexação de território palestino na Cisjordânia, mas não abandonou o plano.

O tratado prevê acordos bilaterais para "investimentos, turismo, voos diretos, segurança, telecomunicações, tecnologia, energia, saúde, cultura, ambiente e estabelecimento de embaixadas".

O acordo será assinado em 15 de setembro na Casa Branca com a presença de Trump, Netanyahu e os chanceleres dos Emirados Árabes, Abdullah bin Zayed al-Nahyan, e do Bahrein, Abdullatif Al Zayani.

As normalizações são uma vitória diplomática para Trump, que espera que boas notícias na política externa o ajudem em sua campanha de reeleição.

O enviado dos EUA Jared Kushner, genro de Trump, encontra-se com o príncipe herdeiro do Bahrein em Manama - 1.set.2020 - Agência de Notícias do Bahrein/Reuters

Por trás desses movimentos, está a rivalidade regional entre os países árabes, principalmente a Arábia Saudita, com o Irã. O país persa é uma potência emergente na região e está envolvido em guerras por procuração com a monarquia saudita no Iêmen e com Israel na Síria.

A Arábia Saudita também sofre pressão dos EUA para normalizar relações com Israel, mas até agora tem se mostrado resistente à medida. De acordo com Zaha Hassan, advogada e especialista do Fundo Carnegie para a Paz Internacional ouvida pela agência Reuters, o acordo com o Bahrein é "desconcertante" para os palestinos.

"Não teria acontecido sem a aprovação dos sauditas, que estão sob pressão, mas não podem reconhecer Israel por conta de sua posição central no mundo islâmico e por causa da rejeição que a medida teria nas ruas", disse Hassan. "O Bahrein foi um prêmio de consolação oferecido aos EUA pela Arábia Saudita."

Já os Emirados Árabes buscam sinalizar com o acordo que são um baluarte de tolerância na região, apesar de serem uma monarquia absolutista.

O país também é o principal membro da coalizão saudita que se opõe às forças iranianas no Iêmen. A campanha de bombardeios dos sauditas e seus aliados destruiu completamente a infraestrutura do país.

A guerra civil, que começou em 2015, já deixou mais de 100 mil mortos, e outros 85 mil morreram de fome em consequência do bloqueio marítimo, terrestre e aéreo realizado pela Arábia Saudita desde 2017. A ONU chama a situação de "a maior crise humanitária do mundo e o maior caso de fome dos últimos 100 anos".

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