Siga a folha

Morre aos 74 anos Robert Fisk, celebrado correspondente de guerra

Jornalista britânico fez coberturas históricas no Oriente Médio e reportagens controversas

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Um dos mais conhecidos correspondentes estrangeiros da atualidade, o jornalista britânico Robert Fisk morreu neste domingo (1º) aos 74 anos, segundo o jornal britânico Independent, no qual ele atuava.

O jornalista passou mal na sexta-feira (30) e foi internado em um hospital em Dublin, na Irlanda, com suspeita de acidente vascular cerebral.

Fisk fez coberturas históricas nas guerras do Líbano, do Irã-Iraque e da Síria, na invasão soviética no Afeganistão e na revolução islâmica no Irã. Também foi um dos raros jornalistas ocidentais a entrevistar o terrorista Osama bin Laden, líder da Al Qaeda.

O jornalista mudou-se para Beirute, no Líbano, em 1976, onde começou a carreira de correspondente no Oriente Médio cobrindo a guerra civil. Viveu no país durante décadas e escreveu livros celebrados, como “Pobre Nação: As Guerras do Líbano no Século XX” e “A Grande Guerra pela Civilização: A Conquista do Oriente Médio”.

Robert Fisk, correspondente do jornal inglês The Independent, participa do Fórum Folha de Jornalismo, em 2006 - Ayrton Vignola/Folhapress

Críticos questionavam a imparcialidade das reportagens de Fisk, que se posicionava abertamente contra Estados Unidos e Israel. Também era crítico corrosivo do envolvimento americano no Oriente Médio.

Ele morou em Bagdá durante um período para cobrir a Guerra do Golfo e criticava constantemente os outros correspondentes estrangeiros, acusando-os de cobrir a guerra de dentro dos seus quartos de hotel.

Depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, que levaram os EUA e o Reino Unido a invadirem o Afeganistão, Fisk foi até a fronteira afegã com o Paquistão, onde foi atacado por refugiados revoltados com as mortes em seu país causadas pelas forças ocidentais.

Fisk publicou uma reportagem sobre o episódio, com direito a uma foto de seu rosto machucado.

Escreveu: “Eu me dei conta de que os homens e os meninos afegãos que me atacaram não deveriam ter feito isso, mas a brutalidade deles era resultado dos outros, de nós —nós os armamos para combaterem os russos e ignoramos o sofrimento deles, rimos de sua guerra civil e aí os armamos e financiamos novamente para a ‘Guerra pela Civilização’ a apenas algumas milhas, e aí bombardeamos suas casas, destruímos suas famílias e os chamamos de ‘danos colaterais'”.

Fisk nasceu em Kent, na Inglaterra, e estudou na Universidade de Lancaster. Começou a carreira no jornal Sunday Express. De lá, foi trabalhar no diário inglês The Times, como correspondente na Irlanda do Norte, em Portugal e no Oriente Médio. Estava no Independent desde 1989. O jornalista recebeu inúmeros prêmios, entre eles o da Anistia Internacional e o British Press Award.

“Destemido, rigoroso e determinado a descobrir a verdade e a realidade a qualquer custo, Robert Fisk foi o maior jornalista de sua geração. O fogo que ele acendeu no Independent continuará ardendo”, disse Christian Broughton, diretor de Redação do jornal.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas