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Descrição de chapéu Governo Trump terrorismo

EUA recolocam Cuba em lista de Estados patrocinadores de terrorismo

Decisão complica planos de Biden de retomar aproximação forjada no governo Obama

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Washington | Reuters e AFP

O governo de Donald Trump recolocou Cuba na lista americana de países patrocinadores de terrorismo, anunciou nesta segunda-feira (11) o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo. A decisão complicará esforços da nova administração para reviver a aproximação com Havana promovida no governo Obama.

Em 2015, o democrata, de quem o presidente eleito Joe Biden foi vice, tirou a ilha formalmente da lista, um passo importante para restaurar laços diplomáticos. De acordo com uma fonte ouvida pela agência de notícias Reuters, o movimento de Trump e Pompeo acontece após meses de revisão legal da questão, durante a qual especialistas questionaram se o ato era justificável.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, durante entrevista coletiva em Washington - Nichlas Kamm - 17.mar.20/AFP

Assim, seriam necessárias longas deliberações para que Biden revertesse a designação.

"Com essa medida, voltaremos a responsabilizar o governo de Cuba e enviaremos uma mensagem clara: o regime de Castro deve pôr fim ao seu apoio ao terrorismo internacional e à subversão da justiça americana", disse Pompeo, chefe da diplomacia dos EUA, em um comunicado.

Desde que chegou ao poder, em 2017, Trump buscou reprimir Cuba, endurecendo restrições a viagens e remessas dos EUA para a ilha e impondo sanções aos embarques de petróleo venezuelano.

A política linha-dura com Havana é popular entre os cubano-americanos do sul da Flórida e ajudou o republicano a vencer o estado na eleição de novembro, embora ele tenha perdido o pleito geral para Biden.

Durante a campanha, o democrata disse que reverteria prontamente as decisões de Trump para Cuba, pois “causaram danos ao povo e não fizeram nada para promover democracia e direitos humanos”.

Além de Cuba, Irã e Coreia do Norte são outros países que aparecem entre as prioridades da nova administração na área de política externa. Também nesta segunda, o governo Trump rotulou o movimento houthi, do Iêmen, como uma organização terrorista, uma designação que a ONU condenou devido às repercussões nas negociações de paz e nos esforços para combater a maior crise humanitária do mundo.

A decisão visou agradar a Arábia Saudita, que luta contra os houthi, por sua vez ligados ao Irã.

Após o anúncio de Pompeo sobre Cuba, o chanceler da ilha, Bruno Rodríguez, escreveu no Twitter que os EUA promovem "oportunismo político". "O oportunismo político desta ação é reconhecido por todo aquele que tiver uma preocupação honesta diante do flagelo do terrorismo e suas vítimas", afirmou.

A nove dias do fim de seu mandato, Trump mantém um fluxo constante de anúncios de ações de última hora contra alvos como Venezuela e Irã, e assessores de Biden disseram que alguns desses movimentos parecem destinados a amarrar as mãos do democrata quando ele tomar posse, em 20 de janeiro. De acordo com um desses auxiliares, a equipe de transição está acompanhando e revisando cada uma das manobras.

O senador democrata Patrick Leahy, um defensor ferrenho da reaproximação promovida por Obama, condenou Pompeo por anunciar uma "designação descaradamente politizada" e disse que "o terrorismo doméstico nos Estados Unidos representa uma ameaça muito maior para os americanos" —uma referência aos vândalos que invadiram o Congresso americano na última quarta-feira (6).

O retorno de Havana à lista americana de patrocinadores de terrorismo tem peso simbólico, embora não esteja claro quanto impacto prático a decisão terá. A designação traz proibições de ordem econômica, como o veto a receber ajuda financeira dos EUA e a oposição de Washington a empréstimos à ilha por instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional.

Mas muitas dessas restrições já estão em vigor —ou foram até mesmo reforçadas por Trump—, e um embargo econômico que só pode ser retirado pelo Congresso permanece em vigor há décadas.

Segundo o governo americano, a designação se deve aos "repetidos atos de apoio ao terrorismo internacional", pois a ilha abriga fugitivos dos EUA e líderes colombianos ligados a guerrilhas. Conta também para Washington o fato de Havana ser próxima da ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela.

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