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Polícia russa prende 150 pessoas que participavam de encontro de partidos de oposição

Governo diz que evento violou restrições por conta da pandemia; jornalistas também foram detidos

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Moscou | AFP

A polícia russa invadiu neste sábado (13) o fórum Democratas Unidos, evento realizado por partidos da oposição em Moscou. Todos os participantes foram presos, incluindo várias figuras conhecidas, segundo o organizador do encontro.

A organização do evento divulgou um vídeo que mostra opositores do regime de Vladimir Putin sendo levados em carros da polícia. Os 150 participantes são de diferentes regiões do país e estavam num hotel na zona norte de Moscou. O objetivo do fórum era debater as eleições regionais previstas para setembro.

O opositor Ilya Yashin foi preso durante o fórum Democratas Unidos em Moscou - Natalia Kolesnikova - 29.jan.2021/AFP

"Quarenta minutos depois do início do fórum, a polícia chegou à sala. Todos os deputados foram presos e levados para as delegacias", disse no Facebook o opositor Ilya Yashin, anexando à sua mensagem uma foto de si próprio em uma van da polícia.

Em um comunicado, a polícia de Moscou informou ter prendido cerca de 200 pessoas. Como justificativa, disse que o fórum foi organizado "em violação das regras sanitárias e epidemiológicas" e também havia "membros de organizações que se dedicam a atividades indesejáveis no território russo".

Imagens publicadas pela imprensa russa mostram dezenas de vans da polícia estacionadas em frente ao hotel, enquanto um vídeo divulgado por um deputado local, Serguéi Vlassov, mostrava um oficial da polícia afirmando que o ato era "indesejável". Vários jornalistas que cobriam o encontro também foram presos.

"Os policiais disseram que o evento foi feito por uma organização non grata", afirmou a Open Russia, um coletivo de oposição, à agência de notícias Interfax.

Uma lei promulgada em 2015 pelo presidente Vladimir Putin permite designar organizações estrangeiras ativas na Rússia como "indesejáveis". A lei não se restringe a organizações políticas, podendo enquadrar e proibir ONGs, fundações e empresas. Esta operação policial, sem precedentes na Rússia, ocorre em um contexto de forte endurecimento do governo contra a oposição, especialmente com a condenação em fevereiro do principal opositor ao Kremlim, Alexei Navalni.

"O motivo do cancelamento do fórum é claro: as autoridades têm medo de qualquer competição nas eleições e intimidam seus opositores", afirmou a equipe de Navalny, atualmente preso. "A aprovação do Rússia Unida [partido governante] está em seu nível mais baixo, e vencer as eleições, inclusive de forma fraudulenta, se torna mais difícil."

Navalni foi preso em janeiro ao retornar à Rússia, após vários meses na Alemanha, onde se recuperava de um incidente de envenenamento pelo qual ele culpa as autoridades russas.

O opositor foi condenado a dois anos e meio de prisão, e sua detenção provocou grandes manifestações, às quais as autoridades responderam com mais de 11 mil detenções.

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