Excesso de postos de controle na região de Kiev impede trabalho de jornalistas
Locais estão sob gestão de grupos de civis, inexperientes nesse tipo de atividade
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"Como é possível alguém bombardear um hospital infantil?"
A pergunta foi feita pelo vice-prefeito da cidade de Mariupol, Serhi Orlov, durante entrevista à BBC, relatando aquela que é provavelmente a pior agressão cometida pelo Exército russo no território ucraniano desde o início da invasão, no dia 24 de fevereiro.
Na tarde desta quarta (9), um ataque aéreo russo destruiu grande parte de uma maternidade na cidade portuária de Mariupol e feriu pelo menos 17 pessoas, segundo autoridades ucranianas. O episódio ocorreu em meio a crescentes alertas do Ocidente de que a invasão das tropas de Moscou está prestes a tomar um rumo mais brutal e indiscriminado.
A intensidade dos ataques russos dentro das cidades mais importantes da Ucrânia e nos arredores delas voltou a ganhar força depois das 72 horas que o Exército moscovita precisou para fazer a rotação das tropas em campo —substituição de soldados na linha de frente. Portanto, atrocidades, como a que aconteceu em Mariupol, tendem a se repetir com mais frequência a partir de agora.
Em Kiev, também nesta quarta, além de uma coluna de pelo menos oito tanques e outros veículos militares, as Forças Armadas ucranianas deslocaram dezenas de ônibus vazios para o município de Brovari, 25 km a nordeste da capital.
Certo de que as tropas russas tentarão chegar rapidamente a Brovari, o Exército da Ucrânia demonstra que pretende retirar o mais rápido possível mulheres, crianças e idosos da cidade. A intenção é evitar que se repitam eventos como o desta quarta na maternidade.
Até o momento da publicação deste texto, as sirenes de alerta de ataques aéreos em Kiev tinham soado 18 vezes ao longo do dia.
Pontes secundárias de acesso à capital, como as que separam a cidade de municípios como Irpin e Butcha, foram intencionalmente danificadas pelo Exército ucraniano. O objetivo é dificultar a entrada de tanques russos em Kiev.
Os principais acessos à capital, principalmente as estradas que desembocam nas grandes pontes que cruzam o rio Dnieper, foram fechados por barricadas feitas com blocos de concreto e armações de trilhos soldados em forma de X, além de barreiras formadas por dezenas de ônibus e caminhões atravessados propositalmente no meio da pista.
Surgem cada vez mais postos de controle comandados por civis armados. Esses pontos estão instalados nas ruas de Kiev e nas estradas vicinais da região, por meio das quais muitos civis fogem —eles querem evitar as rodovias principais, já controladas pelos russos.
A tensão, o medo e a inexperiência das pessoas que controlam esses postos de controle dificultam e, muitas vezes, tornam inviável o acesso de jornalistas a áreas onde ataques como o de Mariupol aconteceram.
A Folha tentou chegar a Tchernihiv, um trajeto percorrido em uma hora e meia a partir de Kiev —isso em tempos normais. É esta a cidade onde, no último dia 3, ocorreu um ataque aéreo russo que teria matado 47 civis, conforme a denúncia da Anistia Internacional. Esse ataque, segundo a organização, pode constituir um crime de guerra.
Oito horas, 260 km e mais de 30 postos de controle depois, a reportagem não havia conseguido checar a veracidade do ataque. A viagem a Tchernihiv teve que ser cancelada.
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