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Stormy Daniels diz que desmaiou antes de sexo com Trump e acordou nua

Atriz pornô pivô do processo é chamada para depor; defesa do ex-presidente tenta, mas juiz rejeita pedido de anulação

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São Paulo e Boa Vista

Testemunha no processo criminal contra Donald Trump, a atriz pornô Stormy Daniels afirmou nesta terça-feira (7) que desmaiou durante um encontro com o republicano, em 2006, e que depois acordou na cama sem roupas. O depoimento foi o mais esperado até aqui do caso que pode levar o ex-presidente à prisão.

A Promotoria acusa Trump de fraude ao encobrir um pagamento de US$ 130 mil (equivalente a R$ 660 mil), durante a campanha presidencial de 2016, para silenciar Daniels sobre o suposto caso extraconjugal entre os dois.

Donald Trump, um homem branco de cabelo branco usando terno, está sereno sentado em uma mesa de madeira, com as mãos cruzadas à frente; ao seu lado direito há uma mulher sentada, e ao fundo, alguns homens, entre eles um policial
O ex-presidente dos EUA Donald Trump durante seu julgamento por supostamente encobrir pagamentos de verbas secreta ligadas a casos extraconjugais, no Tribunal Criminal de Manhattan, em Nova York - Win McNamee - 7.mai.24/Pool/AFP

No tribunal em Nova York, Daniels detalhou o encontro sexual que teria tido com Trump. Ela afirmou que o republicano a impediu de sair do quarto em que estavam. Depois, disse ter desmaiado mesmo sem ter consumido álcool ou drogas. "[Quando acordei] eu estava olhando para o teto e não sabia como tinha chegado lá. Eu estava tentando pensar em qualquer coisa que não fosse o que estava acontecendo."

Trump nega ter feito sexo com a atriz, e a defesa do ex-presidente solicitou a anulação do julgamento com o argumento de que o depoimento de Daniels era irrelevante para o caso e que servia apenas para inflamar o júri. Mas o juiz Juan Merchan rejeitou o pedido, embora tenha admitido que o testemunho tenha sido "difícil de controlar" pois, em alguns momentos, ela não se ateve ao que era perguntado.

Daniels começou seu relato contando brevemente sua biografia: criada em Baton Rouge, no estado da Louisiana, disse que queria ser veterinária. Afirmou ainda que teve uma infância difícil e que seus pais se separaram quando ela era nova e tinham pouco dinheiro. Depois, passou a trabalhar com pornografia.

Em seguida, a atriz descreveu o torneio de golfe em Lake Tahoe, onde teria conhecido Trump em 2006. A testemunha disse ter sido abordada pelo ex-segurança Keith Schiller, que a teria convidado para um jantar na suíte do hotel em que o republicano estava hospedado. Ela afirmou que, inicialmente, recusou a proposta. "Eu sabia que ele era mais velho, provavelmente mais velho que meu pai."

Mas Daniels cedeu ao convite. A atriz descreveu em detalhes a suíte de Trump, que seria "três vezes maior do que o seu apartamento" à época. Durante o encontro ela disse que foi ao banheiro e, quando voltou para o quarto, Trump estava na cama só de cueca e de camiseta. "Fiquei surpresa", disse ela. "Eu não esperava que alguém estivesse lá, principalmente sem muitas roupas. A intenção era bastante clara."

Pouco depois, Daniels disse ter desmaiado. Sobre o ato sexual, ela disse que Trump não usou camisinha e que ocorreu na "posição papai e mamãe". Em seguida, ela disse que saiu rapidamente do quarto sem dizer "absolutamente nada".

Enquanto Daniels testemunhava, Trump sussurrava constantemente para seu advogado Todd Blanche, segundo jornalistas de veículos americanos presentes no tribunal —o julgamento não é televisionado. O republicano não demonstrou reações visíveis ao depoimento, inclusive quando a atriz foi orientada a reconhecer e apontar o réu.

O então advogado do republicano, Michael Cohen, hoje rompido com Trump e provável testemunha de acusação, já afirmou anteriormente que seu antigo cliente o instruiu a pagar uma quantia a Daniels para comprar seu silêncio sobre o encontro que ela diz ter tido com o ex-presidente.

A equipe do promotor de Manhattan, Alvin Bragg, afirma que Trump classificou falsamente seus pagamentos de reembolso a Cohen em 2017 de despesas legais na contabilidade de sua empresa imobiliária para encobrir o que eles chamam de esquema ilegal. O objetivo seria o de influenciar a eleição de 2016, ao comprar o silêncio de pessoas com informações potencialmente prejudiciais à campanha.

Haveria, segundo a acusação, outras pessoas cujo silêncio teria sido comprado, e os pagamentos, maquiados. Os promotores mostraram que a assinatura do ex-presidente estava nos registros das transações.

Em 2018, Cohen se declarou culpado por violar a lei federal de financiamento de campanhas por causa do pagamento a Daniels. Ele testemunhou que Trump também o instruiu a fazer o procedimento.

Na segunda-feira (6), os jurados viram os 34 registros financeiros que os promotores dizem ter sido falsificados por Trump para encobrir seu reembolso a Cohen. O republicano, que busca retornar à Casa Branca, afirma ser inocente.

A defesa de Trump ainda disse aos 12 jurados e 6 suplentes que o depoimento de Daniels não seria relevante para as violações de documentos financeiros que compõem o cerne do caso dos promotores.

A atriz de 45 anos disse ter tido relações sexuais com Trump, 77, quando ele já era casado com sua esposa, Melania. Nesta terça, Daniels afirmou ainda que sua vida se transformou em um caos depois que o suposto encontro se tornou público. "Meu marido faz perguntas. Meus amigos fazem perguntas", disse ela, acrescentando ter sido "condenada ao ostracismo".

A equipe jurídica do ex-presidente diz que a acusação de Daniels é falsa e sugeriu que ela estivesse buscando um papel no programa de TV de Trump, "O Aprendiz". Daniels tem sido alvo de ataques do republicano nas redes sociais.

O juiz que preside o caso afirmou que algumas dessas postagens violaram uma ordem de silêncio que impede Trump de falar sobre testemunhas, jurados e outras pessoas envolvidas se essas declarações tiverem a intenção de influenciar os procedimentos do tribunal. Merchan o multou pela décima vez na segunda-feira e alertou que ele pode ser preso se continuar com seus ataques.

Trump chamou a ordem de silêncio de violação de seus direitos de liberdade de expressão e disse que o julgamento é uma tentativa de prejudicar sua candidatura.

O caso é visto como o menos grave entre os quatro processos criminais que Trump enfrenta, mas é o único que certamente vai a julgamento antes do pleito de novembro. Nos outros casos, Trump é acusado de tentar reverter sua derrota presidencial de 2020 e de lidar de forma inadequada com documentos sigilosos após deixar o cargo. Ele se declarou inocente em todas as situações.

Com Reuters e The New York Times

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