A guarda costeira da Tunísia encontrou nesta sexta-feira (28) mais 41 corpos de imigrantes que tentavam chegar à Europa e morreram afogados. Nos últimos dez dias, mais de 200 mortes foram registradas em deslocamentos pelo mar, segundo relatório divulgado pelo governo do país africano.

Autoridades não souberam afirmar quando o naufrágio aconteceu, mas informaram que os corpos encontrados nesta sexta já estavam em decomposição. Segundo o governo da Tunísia, não há precedente de tantas mortes em naufrágios em período de tempo tão curto.

O número de barcos que transportam imigrantes principalmente da Síria e do Sudão tentando chegar à Itália a partir da Tunísia aumentou nos últimos meses, em parte por causa da ação de autoridades da Líbia, país vizinho, contra os embarques irregulares.

De acordo com organizações que atuam dando assistência a migrantes, parte das vítimas são pessoas que tentam fugir de conflitos armados nos dois países. No Sudão, confrontos iniciados no último dia 15 já provocaram a morte de mais de 500 pessoas por causa da disputa de dois generais pelo poder.

O governo da Tunísia diz que vem aumentando os esforços para conter a migração irregular. Ao mesmo tempo, alguns necrotérios no país estão ficando sem espaço.

A Itália é um dos principais pontos de desembarque de migrantes que tentam entrar na Europa por mar. Muitos depois tentam chegar a países mais ricos do continente usando redes de contrabandistas. Mais de 100 mil pessoas chegaram ao país de barco no ano passado.

Diante da crise, o principal funcionário da migração da União Europeia visitou a Tunísia para discutir o combate à migração ilegal. A Tunísia discute com o Fundo Monetário Internacional programa de ajuda financeira que será usada também para conter a imigração irregular

Nesta quinta, a Comissão Europeia e o governo da Tunísia chegaram a um acordo por uma parceria para combater o tráfico de migrantes, disse a comissária de Assuntos Internos da UE, Ylva Johansson.

Ela afirmou que as autoridades tunisianas e da Europol (agência policial europeia) trabalharão em conjunto para sensibilizar a população sobre os perigos das viagens clandestinas no mar. Os dois lados ainda concordaram em aumentar a cooperação nos casos repatriação dos migrantes em situação irregular na Tunísia para seus países de origem, com maior apoio europeu.

De acordo com o Projeto de Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações (OIM), braço da ONU para o tema, mais de 20 mil migrantes morreram ou desapareceram no Mediterrâneo central desde 2014.