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Retorno de Evo racha partido governista na Bolívia e deixa presidente em xeque

Luis Arce boicota congresso do MAS em meio a tensões com padrinho político e é expulso da legenda

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Boa Vista

O presidente da Bolívia, Luis Arce, foi expulso de seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo), legenda pela qual venceu as eleições de 2020. A expulsão acontece em meio a disputa com seu antigo aliado e hoje adversário, o ex-presidente Evo Morales, que anunciou no último dia 24 sua intenção de concorrer novamente à Presidência do país.

O afastamento, no entanto, foi decidido por aliados de Evo em um congresso boicotado por Arce e seus apoiadores —que farão encontro semelhante daqui a duas semanas. Caberá, no final das contas, ao Tribunal Supremo Eleitoral estabelecer qual dos dois encontros e eventuais candidaturas definidas serão as oficiais da legenda.

Presidente boliviano, Luis Arce (centro), ao lado do ex-presidente Evo Morales (direita), em cerimônia em Tiwanaku, na Bolívia, em 2022 - Manuel Claure - 21.jun.22/Reuters

A expulsão do atual presidente se dá porque ele se recusou a participar do congresso, realizado nesta semana no departamento de Cochabamba. Segundo a resolução aprovada por aliados de Morales, Arce se "autoexpulsou" ao faltar ao encontro —que deve proclamar o ex-presidente como candidato do partido às eleições do país em 2025 até esta quinta-feira (5).

Outros 28 militantes leais a Arce também foram expulsos, entre eles integrantes da Assembleia Plurinacional (o Legislativo do país) e funcionários do governo.

Durante o congresso, o MAS também modificou seus estatutos para que apenas militantes com dez anos de partido possam se candidatar —Arce não cumpre tal exigência. As mudanças ainda precisam ser validadas pela Justiça eleitoral.

Evo governou a Bolívia entre 2006 e 2019 e disputa com Arce a liderança do partido. A rivalidade que quebrou a unidade do MAS se acentuou no último ano, após críticas e acusações do ex-presidente ao governo por supostas traição, corrupção e tolerância com o narcotráfico.

Depois de uma tentativa frustrada de se reeleger em 2019 após 14 anos de mandato, Evo impulsionou a chegada ao poder de Arce, que ainda não anunciou se tentará a reeleição.

O atual presidente se afastou do congresso do partido alegando que as organizações sociais não estavam representadas ali. "Não podemos ir a uma casa onde não estarão seus verdadeiros donos, as organizações sociais", apontou o chefe do Executivo boliviano, que também foi ministro da Economia de Evo.

Sem a origem indígena e o carisma de seu mentor, Arce conseguiu fortalecer sua liderança entre as bases sociais e sindicais por meio da concessão de incentivos. Atualmente, sua reprovação chega a 50%, segundo pesquisa da empresa privada Diagnosis.

Os círculos do partido consideram quase certo que Arce tentará a reeleição, dada a oposição enfraquecida e a rejeição que Evo desperta em setores econômicos.

O anúncio da candidatura de Evo e os movimentos de seus aliados no MAS antecipam e atropelam a disputa pela indicação do partido à disputa pela Presidência —foi o próprio ex-presidente, durante seu último mandato, que instituiu o instrumento de eleições primárias.

Há discussões também sobre a viabilidade da candidatura de Evo. A Constituição diz que o mandato presidencial é de cinco anos e que pode haver reeleição uma só vez de forma contínua. O ministro da Justiça, Iván Lima, assinalou na ocasião do anúncio de Evo que o Tribunal Constitucional deve decidir se apenas pode haver uma única reeleição ou, como interpreta o ex-presidente, se é permitido a um ex-chefe de Estado uma nova candidatura após o transcurso de apenas um mandato presidencial.

Em 2019, Evo buscou um novo mandato e chegou a ficar em primeiro lugar nas eleições presidenciais, mas o resultado não foi reconhecido pela oposição e ele se exilou no México. Quem assumiu o poder interinamente à época foi Jeanine Áñez, que dois anos mais tarde foi presa e condenada a dez anos de prisão sob a acusação de organizar um golpe de Estado contra Evo.

Com AFP

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