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Israel declara Lula 'persona non grata' após comparação com Holocausto nazista

Chanceler de Netanyahu afirma que país 'não esquecerá, nem perdoará' o petista após fala sobre ações em Gaza

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São Paulo

Em seguimento às reprimendas ao presidente Lula (PT), que comparou as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto nazista, o Ministério das Relações Exteriores do governo de Binyamin Netanyahu declarou o líder brasileiro "persona non grata" nesta segunda-feira (19).

"Não esqueceremos nem perdoaremos", disse o chanceler Israel Katz. Em mensagem ao embaixador do Brasil no país, seguiu: "Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante evento no Palácio do Planalto, em Brasília - Adriano Machado - 1º.fev.24/Reuters

A declaração veio de forma um tanto incomum: Katz falava a veículos de imprensa ao lado do embaixador brasileiro, Frederico Meyer. Os dois faziam uma visita ao Yad Vashem, mais importante memorial sobre o Holocausto. Ele chamou as ações de Lula de "um ataque antissemita".

"Eu trouxe você a um lugar que dá testemunho, mais do que qualquer outra coisa, do que os nazistas e Hitler fizeram aos judeus, incluindo membros da minha família", disse Katz ao diplomata brasileiro, indicado para o posto em 2023, segundo declarações compiladas pelo The Times of Israel. "A comparação entre a guerra de Israel contra o Hamas e as atrocidades de Hitler e dos nazistas é uma vergonha."

Meyer havia sido convocado na véspera pela chancelaria israelense para prestar explicações sobre as falas do petista. O encontro antes estava previsto para ocorrer na sede da pasta.

Na prática, o termo em latim que significa "pessoa indesejada" se refere à prática de um Estado proibir um diplomata (ou, neste caso, chefe de Estado) de entrar no país em uma viagem oficial. Na última semana, Tel Aviv também impôs essa condição à italiana Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados e uma das principais vozes contra a operação israelense em Gaza.

Durante seu giro pela África, Lula classificou a campanha militar de Tel Aviv no território palestino de genocídio e, em um adendo que abriu a mais nova crise diplomática brasileira, declarou que as mortes de civis se assemelham às ações de Adolf Hitler contra os judeus.

As advertências de Israel vieram prontamente e seguiram ao longo da noite de domingo (18) e desta segunda. Somou-se ao coro o presidente do Yad Vashem, para quem as falas do líder brasileiro são não apenas ultrajantes, mas uma prova de ignorância. Dani Dayan afirmou que "é decepcionante que Lula tenha recorrido à distorção do Holocausto e à propagação de sentimentos antissemitas".

Empresário argentino naturalizado israelense, Dayan é um nome conhecido dos governos petistas: em 2015, chegou a ser cotado por Netanyahu para ser embaixador no Brasil. Mas seu nome não era benquisto em Brasília, uma vez que liderou, por anos, a organização dos colonos israelenses na Cisjordânia ocupada.

Diversas organizações judaicas afirmaram que a fala de Lula "profana a memória dos que morreram no Holocausto". A perseguição empreendida pelo regime nazista da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial provocou a morte de 6 milhões de judeus.

Netanyahu já havia dito que Lula "cruzara uma linha vermelha" com suas declarações, e alguns deputados federais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usaram o tema politicamente e chegaram a aventar um pedido de impeachment do petista.

Em novo balanço, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou que as mortes na Faixa passam de 29 mil. À agência Reuters um alto oficial da facção terrorista baseado no Qatar também forneceu um número usualmente não tornado público: disse que ao menos 6.000 membros do Hamas teriam morrido nestes mais de quatro meses de guerra. Acredita-se que a cifra de 29 mil mortos inclua esse dado além das milhares de mortes de civis.

Neste estágio da guerra, o principal ponto de tensão reside em Rafah, cidade no extremo sul de Gaza, na fronteira com o Egito. Israel deu ultimato até 10 de março para o Hamas libertar os mais de cem reféns que seguem sob poder do grupo terrorista; do contrário, invadirá Rafah por terra.

Superlotada, a cidade abriga hoje quase metade da população de Gaza, deslocada do norte e do centro em meio aos ataques aéreos constantes. Diversos países e organizações internacionais soam alertas para o risco de ainda mais mortes de civis.

Em nota, o Itamaraty disse considerar os alertas de Tel Aviv com muita preocupação. "Se levada a cabo, essa operação terá como graves consequências, além de novas vítimas civis, um novo movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos, como vem ocorrendo desde o início do conflito", disse a pasta.

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