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Coreia do Norte chama de presentes centenas de balões com fezes e lixo enviados ao Sul

Seul classificou ato do vizinho de baixo e desumano e alertou moradores a manter distância de objetos

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Seul | AFP e Reuters

A Coreia do Norte enviou sacos com panfletos políticos, lixo e até esterco a seu vizinho do Sul na noite de terça-feira (28). Os carregamentos, chamados de "presente de sinceridade" por Pyongyang e "ação desumana" por Seul, viajaram em centenas de balões pela fronteira e foram encontrados em diversas partes da Coreia do Sul.

Fotografias divulgadas pelo Exército sul-coreano mostram lixo e panfletos espalhados ao redor de sacos plásticos e infláveis aterrissando em diferentes localidades —em uma das imagens, é possível ler a palavra excremento em uma embalagem.

Balão supostamente enviado pela Coreia do Norte com lixo e excrementos na Coreia do Sul - Yonhap via Reuters

Mais de 260 balões foram detectados até esta quarta-feira (29), e muitos pousaram carregando fezes e lixo, disse o Exército sul-coreano em um comunicado. A maioria ficou na área de fronteira das províncias de Gangwon e Gyeonggi, que circunda a capital.

Seul mobilizou sua equipe de resposta a guerra química e biológica para fazer uma inspeção. "Os cidadãos devem abster-se de praticar atividades ao ar livre e entrar em contato com objetos desconhecidos, que devem ser reportados à base militar mais próxima ou à polícia", afirmaram os militares em um comunicado.

Provocações entre os dois países são comuns —desde o armistício da Guerra da Coreia, em 1953, as duas nações permanecem tecnicamente em conflito e estão separadas por uma zona desmilitarizada. A ofensiva desta quarta, apesar de pouco usual, não foi inesperada.

No domingo (26), o vice-ministro da Defesa da Coreia do Norte denunciou balões enviados por ativistas sul-coreanos, chamando-os de "coisas sujas" e "provocação perigosa". Ele alertou que cobriria as zonas fronteiriças do seu vizinho com "pilhas de papel usado e sujeira".

Em vez de lixo e fezes de animais, porém, os balões sul-coreanos costumam levar panfletos anti-Pyongyang, minirrádios, alimentos e pen drives com vídeos de música k-pop. As ações são frequentemente lideradas por desertores do regime.

Foto tirada pelo Ministério da Defesa da Coreia do Sul entre 28 e 29 de maio mostra o que parecem ser folhetos de propaganda norte-coreana em rua de Seul - Ministério da Defesa da Coreia do Sul/via AFP

A Coreia do Sul tentou bloquear essas campanhas, que já causaram atritos entre os ativistas e as pessoas que moram perto dos locais de lançamento. Em 2020, Pyongyang chegou a demolir um escritório intercoreano na cidade fronteiriça de Kaeson, na Coreia do Norte —o espaço era um símbolo da colaboração entre os dois países.

Seis meses depois, em 2021, as ações chegaram a ser proibidas, mas o texto foi posteriormente considerado inconstitucional por um tribunal superior, que viu um cerceamento à liberdade de expressão na lei.

Kim Yo-jong, influente irmã do líder norte-coreano, emitiu uma declaração na agência de notícias estatal KCNA na qual chama as críticas da Coreia do Norte de vergonhosas. Os balões, disse ela, foram "presentes de sinceridade" para os sul-coreanos, que "clamam pela liberdade de expressão". Yo-jong prometeu ainda mandar dezenas de vezes o número enviado na terça.

Um funcionário do gabinete presidencial da Coreia do Sul afirmou que Seul responderia com calma à provocação. "Ao colocar lixo e objetos diversos em balões, eles parecem querer testar como nosso povo reagiria e se nosso governo de fato seria perturbado", afirmou ele a jornalistas.

Já o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul disse que as ações de Pyongyang "violam claramente o direito internacional e representam uma grave ameaça à segurança" e confirmou que alguns balões transportavam lixo. "Advertimos de modo veemente o Norte a parar imediatamente com estas ações desumanas e de baixa categoria", acrescentou.

Segundo o jornal Donga Ilbo, que atribuiu a informação a funcionários anônimos do governo, o regime também tentou interferir nos sinais de GPS na Coreia do Sul durante a madrugada, embora nenhum dano tenha sido relatado.

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