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Brasil ignora pedido da Suíça e mantém plano de enviar observadora em conferência de paz sobre Ucrânia

Posição brasileira é que solução para conflito no Leste Europeu exige presença da Rússia em negociações para ser efetiva

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Brasília e Genebra

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ignorou um pedido da presidente da Suíça, Viola Amherd, e manteve a decisão de enviar apenas uma observadora para a conferência de paz sobre a Ucrânia que o governo suíço organiza neste fim de semana em Lucerna.

Lula e Amherd se reuniram em Genebra nesta quinta-feira (13). De acordo com uma nota do Planalto, a líder suíça convidou Lula a participar da conferência de paz. O petista recusou, sob o argumento de que uma solução para a crise só deve ocorrer quando Rússia e Ucrânia estiverem representadas.

O presidente Lula se reúne com a presidente da Suíça, Viola Amherd, em Genebra - Ricardo Stuckert/Presidência da República - 13.jun.24

Organizadores do evento a pedido do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, os suíços vinham pedindo ao governo Lula que o nível de participação do Brasil fosse elevado ao menos para o de chanceler ou para o de assessor internacional do Planalto.

Os cargos são ocupados por Mauro Vieira e Celso Amorim, respectivamente. A diplomata escalada para ser observadora do Brasil no evento é a embaixadora do país em Berna, Claudia Buzzi.

A avaliação no governo Lula é que a conferência será pouco efetiva, uma vez que a Rússia não estará presente. Moscou disse, em maio, não ver sentido na iniciativa.

O tema constou mais uma vez na agenda da reunião de Lula com Amherd nesta quinta, em Genebra. Lula foi ao país para participar da reunião anual da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Após a conversa, o Palácio do Planalto divulgou nota em que cumprimenta a Suíça pela organização da conferência, mas reitera "a posição do Brasil de que uma solução para a crise demandaria a participação de representantes dos dois lados do conflito". O documento também reafirma que o Brasil tem interesse em "participar e ajudar a viabilizar discussões de paz entre as duas partes".

Mais tarde nesta quinta, Lula disse que os suíços já tinham sido informados de que o Brasil não participaria de uma cúpula em que "só tem um lado".

"A guerra é feita por duas nações. Se você quiser encontrar a paz, tem que colocar os dois numa mesa de negociação. Se você coloca só um lado, você não quer paz", afirmou.

Lula já falou diversas vezes sobre o conflito que se desenrola no Leste Europeu. Em muitos casos, ele foi criticado ao equiparar as responsabilidades de Moscou e de Kiev, apesar de a invasão territorial ter partido da Rússia.

Ele negou que sua posição represente uma defesa do presidente russo, Vladimir Putin. "Se o Zelenski diz que não tem conversa com o Putin, e o Putin diz que não quer conversa com o Zelenski... ou seja, é porque eles estão gostando da guerra. Porque, se não, já tinham sentado para conversar e tentar encontrar uma solução pacífica".

Em artigo publicado na Folha, Amorim afirmou que a conferência da Suíça ocorrerá num formato similar ao de outros fóruns realizados recentemente em que participaram principalmente países do G7, sem a Rússia e com "limitado engajamento da China".

"Independentemente das intenções, a não participação de uma das partes beligerantes permite antecipar que não será possível dar início a um real processo de negociação com base nessa plataforma", escreveu.

A conferência na Suíça terá dezenas de líderes internacionais, entre eles a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz. A principal liderança do chamado Sul Global deve ser o premiê da Índia, Narendra Modi.

Lula defende negociações de paz que envolvam os dois lados do conflito, em linha com documento assinado recentemente por Amorim e o chanceler chinês, Wang Yi.

O assessor de assuntos internacionais de Lula, Celso Amorim, reúne-se com o chanceler chinês, Wang Yi, em Pequim, em 23 de maio

Durante viagem a Pequim, Wang e Amorim divulgaram um documento chamado "Entendimentos Comuns entre o Brasil e a China sobre uma Resolução Política para a Crise na Ucrânia". O texto apresentou seis pontos que, segundo os dois países, deveriam ser observados para a construção de um processo de paz efetivo na Ucrânia.

Entre os pontos estão a não escalada dos combates, o aumento da assistência humanitária e a rejeição ao uso de armas de destruição em massa, principalmente as nucleares. Brasil e China também disseram no documento que apoiam a realização de uma conferência internacional de paz "em um momento apropriado" e que seja reconhecida por Rússia e Ucrânia.

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