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No dia em que o Massacre na Praça da Paz Celestial completa 35 anos, nesta terça-feira (4), o novo presidente de Taiwan, Lai Ching-te, afirmou que a violenta repressão chinesa na praça Tiananmen "não desaparecerá na torrente da história", ao recordar o evento que pode ter deixado mais de mil mortos em 1989, segundo estimativas.
"Nós continuaremos trabalhando de maneira árdua para manter viva essa memória histórica e alcançar todos os que se preocupam com a democracia chinesa", afirmou Lai em publicação numa rede social.
"Porque isso nos lembra que a democracia e a liberdade não são fáceis de alcançar. Nós devemos responder à autocracia com liberdade, enfrentar a expansão do autoritarismo com coragem."
A declaração de Lai ocorre semanas após a sua cerimônia de posse e depois de a China executar manobras militares ao redor de Taiwan, que Pequim considera uma parte do seu território.
O Ministério da Defesa de Taiwan anunciou nesta terça-feira que detectou 23 aviões chineses nas imediações da ilha em um período de três horas. Na semana passada, a pasta disse ter localizado 38 aviões de guerra e 11 navios da Marinha ou da Guarda Costeira chinesa num intervalo de 24 horas.
O Partido Democrático Progressista, de Lai, defende a soberania de Taiwan, que possui governo, Forças Armadas e moeda próprios. O presidente tem em sua trajetória política a defesa da independência da ilha, mas já na campanha procurou se moderar. Após uma recaída na reta final, quando falou em mudar a Constituição, retratou-se e disse que não planejava reformas na Carta.
Para Pequim, a China continental e Taiwan são duas partes de uma só China. O líder chinês, Xi Jinping, já sinalizou várias vezes que pretende reincorporar a ilha ainda durante sua gestão e que estaria disposto a usar a força se necessário.
Em Pequim, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse na terça-feira aos repórteres que "se opõe firmemente a qualquer um que difame a China e use isso [4 de junho] como pretexto para interferir nos assuntos internos da China".
Taiwan é a única parte do mundo de língua chinesa onde a data pode ser lembrada abertamente, como na vigília que começou no início da noite desta terça em Taipé, no memorial de Chiang Kai-shek. Outros países, como Reino Unido, Canadá e Estados Unidos, também planejam eventos.
No dia em que o massacre completa 35 anos, a segurança foi reforçada e o acesso restrito à Praça da Paz Celestial de Pequim, enquanto a polícia de Hong Kong deteve vários ativistas em torno do Victoria Park, onde grandes vigílias à luz de velas eram realizadas anualmente antes que leis de segurança nacional mais rígidas entrassem em vigor nos últimos anos.
TANQUES AVANÇAM
Na madrugada de 3 para 4 de junho de 1989, tanques e caminhões com soldados chineses portando metralhadoras avançaram sobre milhares de estudantes que protestavam na praça Tiananmen, em Pequim, e dispersaram à força o protesto.
Os militares acabaram com a enorme manifestação que durava semanas e exigia democracia e mais liberdades políticas.
O episódio é alvo de intensa censura na China. O movimento pela democracia foi sufocado, e a imprensa ficou subjugada ao controle estatal.
Durante o massacre, a imagem de um manifestante diante dos tanques, que avançavam em sua direção, ganhou o mundo e se tornou uma das mais emblemáticas do século 20. A identidade da pessoa, que ficou conhecida como "O Rebelde Desconhecido", nunca foi divulgada. Tampouco se sabe o que ocorreu com ele depois daquela cena.
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