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Amorim encontra Maduro, a quem pede que atas sejam divulgadas, e opositor

Ditador justifica falta de dados com suposto ataque hacker e diz ao enviado de Lula que oposição não é democrática

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Caracas e Brasília

Em Caracas, o assessor internacional do presidente Lula (PT), embaixador Celso Amorim, encontrou-se na tarde desta segunda-feira (29) com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, cuja reeleição é contestada pela oposição e por líderes na região, e pouco depois esteve com o candidato opositor Edmundo González.

O embaixador Celso Amorim, durante entrevista à Folha em fevereiro. - Folhapress

De acordo com interlocutores, Amorim pediu a Maduro que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), órgão que supervisiona as eleições na Venezuela e é controlado pelo chavismo, publique as atas de votação do pleito de domingo (28). Isso é parte do rito eleitoral local.

Pessoas com conhecimento da conversa disseram que Maduro justificou a não publicação desses dados por causa de um suposto ataque hacker. De acordo com o ditador, as informações serão divulgadas nos próximos dias. O líder foi proclamado nesta segunda-feira para mais seis anos no poder, de 2025 a 2031.

Maduro comentou a conversa que teve com o brasileiro em uma live nas redes sociais. "Eu dizia hoje a Celso Amorim: há um grupo de opositores que quer uma alternativa democrática, com respeito a instituições, mas esse grupo [a coalizão opositora] é radical, fascista. Não é uma oposição democrática."

O regime acusou nesta segunda a líder opositora María Corina de estar envolvida em um ataque contra o sistema eleitoral que teria atrasado a divulgação das atas.

Pouco após a reunião de Amorim com o líder do regime, Edmundo González, o candidato opositor, afirmou à reportagem em entrevista coletiva que sua campanha pede ao Brasil que siga insistindo na divulgação das atas.

González, apoiado pela líder opositora María Corina Machado, afirma que ganhou e que pode provar isso, ainda que não o tenha feito. O próprio Amorim, ao falar à reportagem, disse que "nem o governo nem a oposição comprovaram algo ainda".

"A gente tem que ter uma verdade verificada. É uma norma de desarmamento básica: confie e verifique", disse à reportagem. "O resultado só pode ser verificado quando o resultado das várias mesas [de votação] for divulgado. Não basta dar um número geral."

A mensagem é ao CNE e ao regime de Nicolás Maduro, que afirmaram que o ditador foi eleito para um terceiro mandato com 51,2% dos votos, ante 44,2% para o opositor Edmundo González no domingo, mas não divulgaram as atas das urnas, tampouco detalhamento da votação.

Mas Amorim adenda que tampouco a oposição detalha sua afirmação de que, na verdade, González foi o eleito com cerca de 70% dos votos. "A oposição também não comprovou nada. Não mostrou as atas que diz ter na mão. Por isso temos que esperar. Se não houver solução, então vemos o que fazer, e como o Brasil deve agir."

O Centro Carter, principal organização de observação eleitoral internacional que atuou na eleição, também defende a divulgação dos dados das mesas de votação. Também a ONU está em Caracas, mas como um painel de especialistas que não tem caráter de observador para fazer críticas já que não foi aprovado pelo Conselho de Segurança ou pela Assembleia-Geral da organização.

Nesta segunda-feira, o secretário-geral, o português António Guterres, pediu "transparência total e que se publiquem assim que possível os resultados eleitorais dos centros". Também pediu moderação de todos os atores políticos.

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