Descrição de chapéu Eleições na Venezuela

Oposição reafirma que venceu e convoca atos por toda Venezuela

María Corina Machado diz que Edmundo González foi eleito com 73% e fala em divulgar atas online; cresce temor de violência

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Caracas

Horas após Nicolás Maduro ser proclamado presidente em uma Caracas que começa a ser tomada por protestos, o opositor Edmundo González voltou a afirmar que foi o vencedor. Ele e a líder María Corina Machado convocaram atos na Venezuela para esta terça (30).

"Queremos anunciar a todos os venezuelanos e todos os democratas do mundo: já temos como provar a verdade. Conseguimos", disse María Corina. "A diferença foi enorme, em todos os estados da Venezuela."

O candidato da oposição à Presidência da Venezuela, Edmundo González, e a líder da oposição, María Corina Machado, falam com a imprensa após o órgão eleitoral do país declarar vitória de Nicolás Maduro - 29.jul.24/Xinhua

Eles ainda não divulgaram as atas das urnas eletrônicas que dizem possuir. Pelo sistema venezuelano, as testemunhas de mesa de votação devem receber essas informações ao final da votação. Mas a oposição afirma que ao menos metade das atas não foram liberadas. María Corina disse que as atas estariam disponibilizadas em breve, online.

"São expressões espontâneas em zonas populares, expressões legítimas contra um regime ilegítimo", disse ela sobre os atos que se iniciaram nos "barrios", como os venezuelanos se referem às favelas locais, nesta segunda-feira (29). E por isso convocamos a todos os venezuelanos que votaram por uma mudança a se manifestar amanhã às 11h."

"Vamos respeitar a vontade expressada pelo voto. Temos em mãos as atas que demonstram nosso triunfo categórico e matematicamente irreversível. Nossa vitória é histórica."

A convocação para os atos de terça-feira, que María Corina pede que sejam pacíficos e que ainda não divulgou onde serão, reforça um temor generalizado de repressão na Venezuela. Ao longo da segunda-feira a população foi às ruas em diferentes regiões com palavras de ordem como "que se vaya Nicolás" (que saia Maduro) e "foi fraude".

O principal protesto foi aquele que saiu de Petare, uma região ironicamente conhecida por ter tendência chavista e chamada de um dos "barrios", maneira como os venezuelanos se referem às favelas. A pé, em moto e em caminhonetes, os venezuelanos saíram da região dominada pelas plaquinhas de "I Love Petare" para as ruas de regiões nobres da capital, onde também havia panelaços.

Houve registro de repressão, com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Aliado ao chavismo, o Ministério Público já disse que punirá com penas de até 20 anos de prisão os que desestabilizarem o espaço público questionando os resultados eleitorais.

A dobradinha González e María Corina afirma que não quer violência e que até o horário para que convocou o ato, 11h locais (meio-dia em Brasília) —conte-se com o tradicional atraso desses atos no país— é proposital. A ideia é que todos os manifestantes voltem para casa com tranquilidade e para suas famílias, dizem os dois.

A dupla afirma que não demorará a publicar em alguma plataforma online todas as atas que tem, para não houve nenhum prazo compartilhado com a imprensa que acompanhava suas falas em Caracas.

No final da noite desta segunda-feira a tensão voltou a crescer após a Polícia Nacional Bolivariana rodear o prédio da embaixada da Argentina em Caracas. É o espaço onde estão asilados seis membros da campanha de María Corina e Edmundo González, entre chefes de comunicação e articuladores internacionais.

Essa é parte da disputa que Maduro tem com o argentino Javier Milei, a quem chama de fascista de extrema-direita. O ultraliberal argentino diz que a vitória foi de González. E Caracas acaba de romper relaciones diplomáticas com Buenos Aires.

Colaborou Victor Lacombe, de São Paulo

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