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Lula diz a Biden que Brasil trabalha pela normalização do processo político na Venezuela

Ligação durou cerca de meia hora; ainda nesta segunda, brasileiro disse não ver 'nada de anormal' em relação ao pleito

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Marianna Holanda Ricardo Della Colletta
Brasília

Os presidentes Joe Biden e Lula se comprometeram a permanecer em coordenação em relação à Venezuela em ligação telefônica na tarde desta terça-feira (30).

A conversa, ocorrida a pedido do líder americano, durou 30 minutos e foi acompanhada pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira —mas não pelo assessor especial do presidente, Celso Amorim, embora ele já tivesse voltado de Caracas.

Segundo a Casa Branca, os dois presidentes concordaram com a necessidade de divulgação completa, imediata, transparente e detalhada dos dados da votação por seção eleitoral pelas autoridades venezuelanas.

Também "compartilharam suas perspectivas de que o resultado da eleição venezuelana representa um momento crítico para a democracia no hemisfério", disse Washington.

O tom de Lula na ligação se aproximou mais da posição oficial de seu governo, que cobra do regime de Nicolás Maduro a divulgação das atas eleitorais, do que aquela manifestada pelo próprio petista horas antes, em entrevista a uma afiliada da rede Globo.

Então, manifestando-se pela primeira vez sobre a eleição venezuelanam, Lula disse não ver "nada de anormal" em relação à contestação do resultado do pleito.

Mais cedo, o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca havia divulgado uma nota reforçando a exigência da divulgação de "resultados eleitorais completos, transparentes e detalhados, incluindo por estação de votação" pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela.

"Isso é especialmente crítico, dado que há sinais claros de que os resultados eleitorais anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela não refletem a vontade do povo venezuelano, conforme foi expressa nas urnas em 28 de julho. Também estamos revisando outros dados eleitorais compartilhados por organizações da sociedade civil e os relatórios de observadores eleitorais internacionais", completou a porta-voz Adrienne Watson.

Falando sob condição de anonimato nesta segunda, membros do governo americano disseram a divulgação completa das atas é algo muito simples de ser feito e que a resistência do governo venezuelano de atender a esse pedido torna problemática a capacidade de a comunidade internacional avaliar o pleito.

Segundo eles, as informações obtidas pelo governo americano até agora indicam um resultado discrepante do anunciado pelo governo Maduro.

Washington afirma estar usando métodos diplomáticos e se coordenando com aliados regionais, inclusive o Brasil, para garantir que o resultado das urnas na Venezuela seja respeitado. O próximo passo, diante do atual impasse, é discutir a situação em espaços internacionais como a OEA (Organização dos Estados Americanos) e o G7, disseram os oficiais americanos.

Apesar da preocupação em torno da situação na Venezuela, o governo dos EUA tem sido cauteloso com a possibilidade de novas sanções ao país. Por ora, não está sob consideração a revogação de licenças às sanções dadas a petrolíferas como a Chevron para operarem no país sul-americano.

Washington não descarta aplicar novas sanções, mas enfatiza que isso está sendo continuamente avaliado à luz dos interesses de política externa americanos mais amplos.

"É revelador que Maduro esteja rompendo relações diplomáticas com países latino-americanos que, assim como os EUA, simplesmente pediram transparência. Acho que demonstra a intolerância do regime à dissidência e a falta de compromisso com os princípios democráticos básicos que outros governos regionais não estão apenas compartilhando, mas defendendo", afirmou nesta terça (30) o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Vedant Patel.

De acordo com a nota, Lula também convidou Biden para participar da reunião dos países democráticos contra extremismo, à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e cumprimentou o americano pela decisão "magnânima" de deixar a disputa eleitoral.

"Ao finalizar a ligação, o presidente brasileiro cumprimentou Biden pela "magnânima" decisão quanto ao processo eleitoral americano e desejou sucesso para a democracia do país nas eleições presidenciais em novembro", disse o texto.

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