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Alvo de mandado de prisão, líder separatista da Catalunha ressurge em ato e desaparece

Puigdemont discursou em Barcelona após quase 7 anos fora do país; policial é preso por supostamente colaborar com fuga

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Barcelona | AFP

Alvo de um mandado de prisão na Espanha, o líder separatista catalão Carles Puigdemont ressurgiu em um ato em Barcelona nesta quinta-feira (8), discursou a apoiadores e fugiu novamente.

Trata-se de sua primeira aparição no país desde 2017, quando tentou declarar a independência da Catalunha, região que governava, e causou uma crise institucional no país. Após o fracasso na empreitada, exilou-se na Bélgica, em primeiro lugar, e depois na França, em 2022.

O separatista catalão Carles Puigdemont discursa em Barcelona após sete anos fora da Espanha - Reuters

"Não sei quanto tempo vai demorar até nos vermos novamente, amigos, mas, aconteça o que acontecer, quando voltarmos a nos ver, espero que possamos voltar a gritar juntos, bem alto: (...) Viva a Catalunha!" , disse ele em um palco montado em frente ao Arco do Triunfo, em Barcelona, a milhares de apoiadores que gritavam "presidente, presidente".

Após o breve discurso, cogitou-se que ele iria ao Parlamento para tentar participar da sessão de posse do novo presidente da Catalunha, o socialista Salvador Illa. No entanto, ele não apareceu na cerimônia, que começou por volta das 10h locais (5h no Brasil).

Um forte esquema de segurança cercou o ato em que o separatista discursou. Após a aparição, a polícia catalã estabeleceu postos de controle para impedir que ele saísse de Barcelona. Nada disso impediu que Puigdemont desaparecesse novamente.

À agência de notícias AFP, um porta-voz da polícia disse que um agente havia sido preso por supostamente ter colaborado com a fuga. Segundo a imprensa local, o policial era dono do veículo no qual Puigdemont escapou após fazer o seu discurso.

Mesmo breve, a aparição emocionou apoiadores, que o saudaram agitando bandeiras pró-independência. "Gostei muito do tom dele, nada exaltado, me emocionei ao vê-lo", disse à AFP Albert, um dos manifestantes presentes no ato.

Durante o discurso, Puigdemont criticou a manutenção de sua ordem de prisão pelo Tribunal Constitucional da Espanha mesmo após uma lei de anistia. "Um país que tem uma lei de anistia e que não anistia tem um problema de natureza democrática", afirmou ele.

Ele se referia a uma lei exigida pelos separatistas catalães para formar uma coalizão com o socialista Pedro Sánchez e, assim, garantir os votos necessários para ele assumir um novo mandato como primeiro-ministro, em novembro passado.

A ideia era que o indulto fosse aplicado aos casos das mais de 400 pessoas processadas ou condenadas por sua atuação na época. Puigdemont, investigado por peculato, desobediência e terrorismo —esse último por seu suposto papel na onda de protestos na Catalunha em 2019— seria um dos maiores beneficiários da lei, por muitos considerada inconstitucional.

Mas, em 1º de julho, a corte determinou que a anistia não se aplicava a Puigdemont na acusação por peculato, pela qual poderia ser condenado a uma dura pena de prisão.

Segundo o juiz responsável pelo caso, Pablo Llarena, as condutas do líder e de dois subordinados seus à época se encaixam nas duas exceções à anistia previstas na lei recém-aprovada —aqueles que apoiaram a secessão com a intenção de ter ganhos financeiros pessoais ou cujas ações afetaram de alguma maneira os interesses financeiros da União Europeia não seriam contemplados pela norma.

Caso o separatista fosse preso, o partido de Illa disse que pediria a suspensão da sessão, o que atrasaria a posse do socialista após meses de intensas negociações para chegar ao poder.

Os socialistas ficaram em primeiro lugar nas eleições de maio, mas, sem maioria absoluta, precisaram juntar apoio para governar essa rica região do nordeste da Espanha. Sua eleição vai por fim à contagem regressiva que terminava em 26 de agosto, data limite para evitar uma nova eleição diante de um impasse para formar maioria.

Se for confirmado, Illa, ministro da Saúde espanhol durante a pandemia de Covid-19 e próximo a Sánchez, será o primeiro presidente catalão que não vem de um partido nacionalista ou independentista desde 2010.

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