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Descrição de chapéu África

Em guerra civil, Sudão registra saques de peças históricas egípcias

Objetos arqueológicos foram levados em grandes caminhões; Unesco pediu ao mercado de arte que não comprasse itens

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Porto Sudão (Sudão) | AFP

Em um Sudão devastado por uma guerra civil, estatuetas e outras antiguidades, antes preservadas em museus, estão sendo saqueadas, transportadas em caminhões e vendidas pela internet.

A Unesco expressou, na quinta-feira (12), preocupação com o nível sem precedentes de ameaças à cultura do país, que é atravessado pelo rio Nilo, onde há relatos de saques a museus, sítios arqueológicos e coleções privadas.

Imagem do interior do Museu Nacional em Cartum de agosto de 2020 - AFP

Ijlas Abdel Latif, diretora de museus da Autoridade Nacional de Antiguidades do Sudão, confirmou que o Museu Nacional de Cartum foi alvo de saque.

Recentemente restaurado, o museu abrigava coleções do período Paleolítico, com peças únicas de antigas dinastias egípcias e dos reinos de Kerma, Napata e Meroé, que floresceram na região da Núbia, berço de uma das primeiras civilizações da África.

Inaugurado em 1971, o museu foi concebido para abrigar as antiguidades encontradas em uma área onde se pretendia construir uma represa.

Hoje, é ameaçado pela guerra entre o Exército e as Forças de Apoio Rápido (FAR), que começou em abril de 2023, levando o Sudão para um cenário de catástrofes humanitárias, de acordo com a ONU.

Os objetos arqueológicos armazenados no Museu Nacional foram levados em grandes caminhões que, de acordo com imagens de satélite, seguiram para o oeste e para áreas de fronteira, especialmente com o Sudão do Sul, disse Abdel Latif à AFP.

É difícil determinar a magnitude do roubo devido ao acesso limitado ao museu, que está localizado em uma área da capital controlada pelas FAR, acusadas por especialistas e autoridades arqueológicas de serem responsáveis pelos saques.

O porta-voz das forças paramilitares não respondeu aos comentários da agência de notícias AFP. Em maio, eles afirmaram estar vigilantes na "proteção e preservação das antiguidades do povo sudanês."

Alerta da Unesco

O Museu Nacional é o principal a guardar antiguidades sudanesas, afirmou Abdel Latif.

"Devido à guerra, o museu e as antiguidades estão sem vigilância", disse Hasan Husein, pesquisador e ex-diretor da Autoridade de Antiguidades.

Outras instituições tiveram o mesmo destino. O Museu de Nyala, em Darfur do Sul, foi alvo de saques significativos, não apenas de antiguidades, mas também dos instrumentos usados para exibir as coleções, disse Abdel Latif.

Algo semelhante se passou no Museu Khalifa, em Omdurman, uma cidade nos arredores de Cartum, cujo edifício, erguido no final do século 19, foi parcialmente destruído.

Em junho, a Unesco estimou que mais de dez museus, centros culturais ou outras instituições haviam sido saqueados ou vandalizados no Sudão.

Esculturas antigas são exibidas Museu Nacional do Sudão em Cartum - AFP

Em meio ao cenário, a ONU pediu ao mercado de arte que não comprassem bens culturais provenientes do Sudão. Pesquisadores, porém, já encontraram algumas das antiguidades roubadas à venda na internet.

No site eBay, é possível encontrar um usuário vendendo objetos apresentados como antiguidades egípcias, que, segundo a mídia sudanesa, foram saqueados no Sudão. O preço de venda chega a centenas de dólares.

A guerra no Sudão começou em 15 de abril de 2023 entre o Exército do general Abdel Fatah al Burhan e paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR). O conflito deixou milhares de mortos e causou uma catástrofe humanitária neste país da região do Chifre da África, com quase 25 milhões de pessoas necessitadas por ajuda —mais de metade da população.

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