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Descrição de chapéu

Chocolate e guarda-chuva

Quando seria recomendável conciliar e convencer, Weintraub parte ao ataque

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, em vídeo divulgado por ele na quinta-feira (30) - Reprodução/Twitter/@AbrahamWeint

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Em lugar de um plano circunstanciado para o ensino público, o atual ocupante do Ministério da Educação, Abraham Weintraub, só tem logrado promover debates sobre sua política aloprada de comunicação. O ministro parece mais motivado a bater o presidente da República e seus filhos em matéria de histrionismo provocador.

Com menos de dois meses na pasta, Weintraub já colheu duas expressivas manifestações de rua contra a retenção de verbas para o ensino superior no país. Ele tem a seu favor os imperativos de austeridade criados pela penúria orçamentária, mas, no momento em que seria recomendável conciliar e convencer, parte ao ataque.

Nem precisaria empenhar-se tanto. O segundo protesto de estudantes e docentes, na quinta-feira (30), sofreu o desgaste natural dessas mobilizações e reuniu multidões menores do que a dos eventos de duas semanas antes.

Weintraub não se conteve, entretanto. Apóstolo da crença presidencial de que a massa estudantil se compõe de “idiotas úteis”, denunciou em vídeo uma suposta coação ideológica de professores sobre alunos para que comparecessem aos atos, como se os jovens fossem imbecis incapazes de pensar com a própria cabeça.

Fez mais. No dia da manifestação, o MEC publicou comunicado em que desautorizava servidores e estudantes de estabelecimentos federais, e até seus pais, a divulgar protestos em horário escolar. O autoritarismo exibicionista da nota é evidente, sem nada dizer da mais que duvidosa base legal.

O ministro prestou-se ainda a protagonizar vídeo canhestro em que aparece de guarda-chuva para se defender da acusação de ter retirado fundos da reconstrução do Museu Nacional da UFRJ, que chamou de chuva de fake news.

Seria de espantar, não se tratasse de reincidência na canastrice. Weintraub recorreu a chocolates na tentativa de explicar e justificar o contingenciamento de verbas da educação pública.

Bolsonaro e Weintraub se guiam pela tese caricata de que o problema do ensino superior está na doutrinação por marxistas infiltrados nas universidades federais.

Ainda que de fato existam focos de politização indevida nas instituições, presidente e ministro parecem não se dar conta de que praticam na Esplanada e no Palácio do Planalto precisamente o aparelhamento ideológico do Estado de que acusam os supostos adversários.

editoriais@grupofolha.com.br

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