Siga a folha

Descrição de chapéu

Testes ocultos

Faltam dados cruciais para avaliar eficácia do poder público diante da Covid-19

Material para teste de Covid-19 na Fiocruz - Carl de Souza/AFP

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Há consenso entre especialistas de que as medidas mais eficazes para a contenção do coronavírus, além do distanciamento social, são rastrear, monitorar ou isolar infectados e seus contatos imediatos. No Brasil, a epidemia grassa por falhas flagrantes em ambas as frentes.

No primeiro caso, muito já se deplorou a contumaz sabotagem de comportamentos responsáveis pelo presidente Jair Bolsonaro e a gestão arbitrária de quarentenas por governadores e prefeitos. No segundo, cumpre destacar o rotundo fracasso na aplicação de testes para diagnóstico de Covid-19.

O país está no terceiro ministro da Saúde na pandemia, ainda por cima interino e militar jejuno em saúde pública, e prossegue em voo cego no meio da tormenta. A pasta chegou a trombetear 46 milhões de testes, mas até hoje mantém em relativa obscuridade quantos deles se materializaram.

Brasília havia distribuído até o início deste mês 7,5 milhões de testes rápidos e 3,1 milhões do exame mais preciso, RT-PCR, que detecta diretamente o Sars-CoV-2 em secreções. Bem aquém, pois, dos 16,5 milhões previstos para o período.

Desse total, apenas 812 mil teriam de fato sido aplicados por ora, segundo uma plataforma do ministério que inclui somente procedimentos realizados na rede pública.

Verdade que os exames diagnósticos ficam na alçada de sistemas estaduais e municipais de saúde, com critérios e sistemas disparatados para notificações.

No entanto um governo central realmente empenhado em combater o avanço da Covid-19 se encarregaria de acompanhar os testes e publicar com destaque estatísticas periódicas que permitissem avaliar o desempenho das várias esferas de administração.

A mesma crítica se dirige a governadores, a quem competiria dar publicidade à quantidade de exames concluídos nos estados, e não apenas aos resultados refletidos em casos e óbitos confirmados.

A prestação de contas deficiente acaba por ocultar seu quinhão de responsabilidade no péssimo retrospecto do poder público no Brasil diante da epidemia.

Sem poder contar com testes em quantidade suficiente para organizar um sistema efetivo de rastreamento de contaminados, o país desponta no cenário internacional com um dos piores resultados no enfrentamento da Covid-19. Já são 891,6 mil infectados e 44,1 mil mortos, afora a galopante subnotificação ainda por dimensionar.

editoriais@grupofolha.com.br

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas