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Pilares mambembes

Resultados da alfabetização no país prenunciam dificuldades nas etapas posteriores do ensino

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Recém-divulgados, os resultados da avaliação oficial que aferiu a alfabetização no país chamam a atenção para uma deficiência estrutural severa de nosso ensino.

Aos sete anos, estudantes brasileiros do 2º ano do ensino fundamental conseguem, em média, ler cartazes e localizar informações explícitas em pequenos bilhetes. Isso não é suficiente.

Sala de aula do colégio Humbolt, em São Paulo - Bruno Santos/ Folhapress

Crianças de mesma idade em países desenvolvidos —em parte da Europa, por exemplo— são capazes de inferir informação e identificar o assunto principal de textos médios e longos. Tais habilidades, nos critérios da prova brasileira, renderiam 825 pontos.

Nenhum estado brasileiro resvalou nessa marca. A maior nota, obtida pelo Ceará, foi de 765,5 pontos, e a média nacional ficou em 750. Ao todo, 17 estados ficaram abaixo dessa cifra, entre eles todos os localizados na região Norte.

Na metáfora usada por educadores, esses são os pilares —mambembes— sobre os quais se assentarão as etapas restantes do ensino, fadadas à precariedade.

Os primeiros anos da escola têm ganhado cada vez mais importância em políticas educacionais. Já se prega, por exemplo, que os melhores professores devem estar, prioritariamente, alocados nessa fase.

Avaliações periódicas fazem parte do processo de aperfeiçoamento. O governo acerta, portanto, ao manter o exame, após ter flertado, no ano passado, com a ideia de seu adiamento até 2021. Essa hipótese causou protestos entre especialistas e demissões no ministério.

O olhar aos estudantes do 2º ano escolar —e não mais do 3º, como foi feito até 2016— também é meritório. A mudança se deu sob o entendimento da Base Nacional Comum Curricular, de 2017, que, seguindo evidências científicas, reduziu em um ano a meta para conclusão do processo de letramento.

É preocupante, no entanto, a incerteza do MEC sobre o que significam, afinal, os números do exame nacional de alfabetização.

Sem definição prévia do que indicaria que uma criança está alfabetizada, o governo anunciou que ainda debateria as pontuações. Metas devem preceder avaliações, para não influenciarem a interpretação dos resultados.

Em tempos de escolha de prefeitos, que atuam na etapa inicial do ensino, dados e objetivos claros poderiam ser aliados cruciais no desenho de políticas de educação.

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