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Pazuello apresenta plano, mas disparates presidenciais fomentam o descrédito

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O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o presidente Jair Bolsonaro, no lançamento do plano de vacinação - Ueslei Marcelino/Reuters

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Antes tarde do que nunca. O governo federal anunciou nesta quarta-feira (16), com indesculpável atraso, um plano nacional de imunização contra a Covid-19.

O Ministério da Saúde comandado por Eduardo Pazuello curvou-se aos especialistas. Acataram-se críticas até de pesquisadores que a pasta elencou sem autorização entre consultores da primeira edição do plano, apresentada há quatro dias ao Supremo Tribunal Federal. Assim, a nova versão repara algumas das deficiências apontadas.

Pazuello mencionou expressamente a vacina Coronavac, do Instituto Butantan, entre os imunizantes aos quais o programa oficial pode aderir. Era uma das principais reivindicações dos governadores, presentes à cerimônia.

A Coronavac não figura, entretanto, na lista de fornecedores com compromissos já firmados para 253 milhões de doses. O governo federal fala em 350 milhões, mas isso dependeria de fechar acordos com Pfizer, Janssen, Butantan, Bharat Biotech, Moderna ou Gamaleya.

O mais auspicioso é que agora o governo se propõe a vacinar todos os brasileiros. Mas precisa se empenhar para garantir mais de 400 milhões de vacinas necessárias para cumprir a promessa.

Outras modificações dizem respeito aos grupos prioritários para vacinação. Omissões flagrantes, como empregados em transportes coletivos e estabelecimentos de ensino, foram sanadas. Até obsessões ideológicas do presidente foram postas de lado, com a inclusão de quilombolas e presidiários.

Houve avanço nos prazos para início da vacinação, outro ponto nevrálgico, se bem que ainda falte arrojo ao ministério. Pazuello mencionou meados de fevereiro, dando à Anvisa o mês de janeiro inteiro para analisar pedidos de registro que vierem a ser apresentados.

Não faz sentido marcar um dia específico para a vacinação, como fez o governador João Doria (PSDB-SP), não havendo produto licenciado para tanto. Mas outros países, como EUA e Reino Unido, já deram a largada com autorizações emergenciais.

O anúncio não basta para remover o descrédito do governo Bolsonaro na gestão desse tema vital.

Um dia antes, o presidente repetiu os disparates com que tem sabotado o combate à epidemia: provocou aglomeração sem máscara, propagandeou remédio ineficaz, disse que não tomará vacina, pôs em dúvida sua segurança e defendeu um absurdo termo de compromisso para quem se imunizar.

O país já não sabe em quem acreditar, se no Bolsonaro de terça-feira ou no de quarta-feira. De certo, até agora, após tantas idas e vindas, só se pode dizer que o enfrentamento da Covid-19 sob seu comando é um desastre completo.

editoriais@grupofolha.com.br

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