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James Ackel

Eleição na Câmara pode repetir fenômeno Maluf

Traições podem provocar resultados inesperados, como nos anos 1970

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James Ackel

Jornalista e ex-conselheiro da ABI (Associação Brasileira de Imprensa)

Lições da história. Estávamos no fim dos anos 1970, e no estado de São Paulo seria realizada uma eleição indireta ao governo paulista. O partido dos militares, a Arena, tinha maioria na Assembleia Legislativa de São Paulo, e quem fosse indicado levaria o Executivo.

Os militares indicaram Laudo Natel, que até já tinha sido governador do estado. O partido se preparava para a convenção, que o aclamaria.

Mas eis que surge sorrateiramente Paulo Maluf, também da Arena, querendo concorrer dentro do partido contra Natel. Havia na Arena uma oposição feita por Maluf, e uma situação na pessoa de Natel —este sob indicação dos generais Figueiredo e Médici.

Natel bradava em entrevistas à imprensa que ele era o indicado dos militares e que os delegados com direito a voto não se atreveriam a votar num "Paulo Maluf de oposição".

E Paulo foi a campo, não importa aqui com que armas. Dizia-se à época que Maluf comprava votos dos delegados, mas ninguém em tempo algum comprovou isso. Se tivessem uma prova sequer, os militares simplesmente teriam cassado e caçado Paulo Maluf.

No dia da eleição na Assembleia, houve briga de tapas e até desligamento da energia da Casa. As urnas foram guardadas até o dia posterior, sob a segurança da polícia de muitos matizes. Ao serem abertas, eis que Paulo Maluf ganhara a disputa com folga.

O que já se mostrava naqueles tempos é que ninguém trai a oposição, mas a situação. Inúmeros delegados da Arena, que declararam voto em Laudo Natel, acabaram seduzidos —sabe-se lá por quais motivos— pelos encantamentos de Paulo Maluf.

E olha que Natel tinha as canetas estadual e federal ao seu lado. Mesmo assim, perdeu por votos de traidores a favor de Maluf.

Se trouxermos a história aos tempos de agora, é possível entender que os votos declarados a Baleia Rossi (MDB-SP) não são passíveis de traição porque ninguém tem motivo para trair a oposição.

Mas muitos dos votos declarados ao candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL), podem sim trocar de bandeira.

Isso posto, pode-se dizer que se Baleia Rossi estiver com votação declarada à frente de Lira, ele será sim o comandante da Câmara.

Mas, se o líder do centrão tiver votos declarados à frente do emedebista, também pode haver uma traição. E Baleia levar.

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Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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