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Quente e frio

Ártico e Antártida emitem alarmes; ainda há tempo para conter a crise do clima

Urso polar faminto por não ser capaz de caçar na falta de gelo - Justin Hofman - 13.fev.19/Wildlife Photographer of the Year/NHM

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Os extremos gelados da Terra, nos polos Norte e Sul, emitem alguns dos sinais mais claros da iminente transformação ameaçadora do clima como o conhecemos. O planeta passou por várias reviravoltas, entre períodos glaciais e interglaciais, porém nada desencadeado por potências estranhas à natureza, como agora.

A indústria humana se tornou uma força geológica com as emissões de gases a intensificar o aquecimento global, elevar o nível dos oceanos e perturbar correntes marinhas e massas de ar. Por isso o Acordo de Paris fixou em 2º Celsius —preferivelmente 1,5ºC— o nível de segurança para aumento da temperatura na superfície.

O aquecimento varia de região para região. Nenhuma esquentou tão rapidamente nas últimas décadas quanto o Ártico, onde termômetros registraram incremento de 3,1ºC, de 1971 a 2019, segundo relatório publicado na quinta (20).

No planeta todo, a temperatura média já subiu um terço disso, 1ºC. O consequente derretimento do gelo sobre o oceano Ártico, que pode desaparecer por completo nalgum verão da próxima década, não contribui para elevar o nível do mar, mas preocupa.

Com a superfície refletora reduzida, as águas se aquecem mais sob a luz do sol, o que afeta correntes por todo o globo. O aquecimento boreal também derrete geleiras sobre terra, como as da Groenlândia, capazes de acrescentar 7,4 metros ao nível do mar em caso de desaparição completa (o que tomaria séculos ou milênios).

Nas antípodas do polo Sul, desprendeu-se para o oceano, há poucos dias, o maior iceberg conhecido, de 4.320 km², área de três municípios como São Paulo.

Mesmo que a ruptura não seja consequência do clima quente, uma aceleração do processo pode enfraquecer o freio que plataformas de gelo representam para as geleiras sobre a terra. Estas escorregariam mais depressa para o mar, e há quase oito vezes mais gelo na Antártida que na Groenlândia. O que acontece nos polos não fica nos polos, como se vê.

Nem tudo é alarme. Uma boa nova vem da Agência Internacional de Energia: estima-se que a capacidade instalada para obter energia de fontes renováveis cresceu 45% em 2020 e que ainda é factível estancar as emissões de carbono até 2050.

Para isso, seria preciso congelar novos investimentos em carvão, petróleo ou gás natural e parar de fabricar veículos movidos a combustíveis fósseis até 2035. Não é impossível —só muito improvável.

editoriais@grupofolha.com.br

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