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Direita popular

Calcada em um líder providencial, corrente populista não é fenômeno passageiro

Ato de apoio ao presidente Jair Bolsonaro no 7 de Setembro, em Brasília - Pedro Ladeira - 7.set.21/Folhapress

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A direita contemporânea se reconfigurou nas últimas décadas, no Brasil e em outras nações, tendo adquirido respaldo popular e competitividade eleitoral. Nada indica que seja um fenômeno passageiro.

O esquema clássico da política até a passagem desse furacão era a polarização entre, de um lado, a esquerda social-democrata, que enfatizava a intervenção do Estado para reduzir as desigualdades e, do outro, uma direita que priorizava a liberdade empresarial e o crescimento econômico.

Nos costumes, as posições conservadoras estavam alinhadas à direita, e as liberais, à esquerda. Em comum, esses dois campos observavam com respeito as chamadas regras do jogo —as mediações institucionais que legitimam, num Estado de Direito, os resultados da disputa política. Por isso resistiam relativamente bem aos líderes providenciais, vingadores da pátria.

A adesão cega e quase religiosa ao chefe carismático, algo que não prevalecia na política ocidental desde a derrota dos fascismos em meados do século 20, parece ter sido um dos elementos fundamentais na transfiguração da direita.

O amálgama de ideias tão chãs e incoerentes —como o terraplanismo, a rejeição à ciência e às vacinas, a xenofobia e as ridículas paranoias conspiratórias contra organizações públicas e empresariais— é claramente menos importante e estável do que o comando de obedecer ao condutor genial.

Era essa obediência mecânica que ensinava aos seus discípulos o ideólogo Olavo de Carvalho, , morto na segunda-feira (24), que se tornou guia espiritual de legiões de bolsonaristas extremados.

A metamorfose da direita —talvez porque tenha encontrado uma parcela da população mergulhada em inseguranças sobre o futuro— foi bem-sucedida ao firmar-se no tabuleiro político-eleitoral em vários países. Vê-se que a derrota eleitoral de Donald Trump não a liquidou nos EUA. Pelo contrário.

No Brasil, apesar de resultados catastróficos na pandemia e na economia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda conta com 22% de avaliação ótima ou boa, segundo o Datafolha, e mantém sua competitividade como principal adversário do líder Lula (PT) nas simulações para o pleito de outubro.

O instituto calcula em ao menos 10% o núcleo popular fidelíssimo ao atual mandatário, o equivalente a 17 milhões de brasileiros. Não será surpresa se a bancada da direita populista leal a Bolsonaro no Congresso expandir-se com a eleição.

Portanto, a despeito do resultado da disputa pelo Planalto, é provável que as instituições da democracia tenham de continuar lidando nos próximos anos com forças que não se importariam em destruí-la para satisfazer ao chefe.

editoriais@grupofolha.com.br

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