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Ministro da Justiça dá sinais de aproximação excessiva com a cúpula da PF

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Flávio Dino, ministro da Justiça - Gabriela Biló/Folhapress

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A administração Jair Bolsonaro (PL) não fez questão de esconder o seu desejo de submeter corporações de Estado, em especial as armadas, às vontades idiossincráticas do presidente da República.

Tornou-se didática a esse respeito a reunião ministerial de abril de 2020, gravada em vídeo e disponibilizada ao público por ordem judicial. Nela o chefe do governo confessava, na prosa tosca habitual, a sua disposição de interferir na Polícia Federal, porque "a PF não me dá informações" e ele não podia "ser surpreendido com notícias".

As trocas constantes ao longo do mandato em postos estratégicos na PF e na Polícia Rodoviária Federal e a traumática substituição simultânea dos três comandantes das Forças Armadas mostraram que não se tratava de retórica vazia. O objetivo era desgastar a cartilagem que o profissionalismo interpõe entre o mandonismo político-partidário e o serviço público.

A Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) restaurou padrões de normalidade nessas relações e, até pelo compromisso com o campo democrático firmado na campanha eleitoral, deveria estar atenta aos ruídos que por vezes surgem no Ministério da Justiça.

O titular, Flávio Dino (PSB), no fim de junho afirmou que poderia haver novidades nas investigações da morte da vereadora do Rio Marielle Franco. Semanas depois, a PF prendeu um suspeito do crime, e o próprio ministro da Justiça anunciou que o detido fizera uma delação premiada e projetou novas operações à frente.

Questionado sobre se o ministro havia obtido informação privilegiada de um inquérito presidido com autonomia funcional, o ministério afirmou que Dino dera apenas uma previsão de que haveria novas operações, pois, tarimbado com 33 anos de vivência jurídica, seria pessoa abalizada para fazer essas estimativas técnicas.

O clarividente ministro da Justiça não é a única fonte de atenção acerca de uma aproximação excessiva entre uma autoridade política e uma corporação policial.

O próprio diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, demonstra grande e longeva afinidade com a cúpula petista. Figura frequente nas viagens do presidente da República, entrou numa disputa burocrática com o Gabinete de Segurança Institucional, órgão conduzido por militares, pela primazia de zelar pela segurança do chefe de Estado.

A República viceja quando os protocolos que abrandam o ímpeto dos poderosos são respeitados. Submetido aos caprichos do chefe de turno, o aparato policial se desvirtua, persegue adversários e protege amigos do grupo no poder. Por isso o governante e seus nomeados devem manter uma saudável distância das corporações armadas.

editoriais@grupofolha.com.br

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