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O que a Folha pensa Rússia

A guerra se expande

Ataques no mar Negro e ameaça à Polônia ampliam escopo do conflito na Ucrânia

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Prédio de empresa de transporte marítimo destruído por ataque russo, em Izmail (Ucrânia) - Nina Liashenko/Reuters

Prestes a completar um ano e meio, a invasão da Ucrânia promovida por Vladimir Putin segue emitindo novas e perigosas ondas de choque.

A mais recente fase da guerra, em que a claudicante contraofensiva de Kiev sofre para apresentar resultados tangíveis, consolida-se com duas frentes que caracterizam uma expansão de seu escopo.

No mar Negro, a saída de Putin do acordo de grãos, que permitia a exportação da vital produção ucraniana desde julho de 2022, levou a uma escalada de manobras.

Moscou bombardeou a infraestrutura portuária de Kiev e, de forma alarmante, aventurou-se a alvejar instalações no estuário do rio Danúbio —a poucas centenas de metros da fronteira da Otan e da União Europeia na Romênia.

A aliança militar liderada pelos Estados Unidos reforçou seus voos de vigilância na área, mas isso não foi suficiente para tornar a região mais segura. Ao contrário, como mostrou a interceptação de um drone americano pelos russos, o risco de incidentes só aumentou.

Sem dispor de uma Marinha operante, Kiev colocou em uso uma frota de drones aquáticos para ameaçar assimetricamente não só as forças de Putin mas também navios civis que aportem na Rússia. Indicou suas intenções ao avariar seriamente um navio de guerra e um petroleiro de Moscou.

Se o bloqueio dos grãos pode asfixiar a Ucrânia, a eventual disrupção do fluxo de petróleo russo para países como a Índia, que passa pelo mar Negro e azeita a máquina de guerra russa, é uma ameaça que deverá ensejar mais violência.

A essa nova variável somou-se a tensão em Belarus, país vassalo da Rússia. A ditadura de Aleksandr Lukachenko, questionada por protestos em 2020, tornou-se uma ferramenta de Putin.

Depois de unificar comandos militares e instalar armas nucleares no vizinho, o Kremlin despachou para lá mercenários do Grupo Wagner, desautorizados a operar em solo russo após motim em junho.

A Polônia, um belicoso membro da Otan, reforçou suas fronteiras alegando ameaça de infiltração e denunciou uma violação de seu espaço aéreo por helicópteros.

Putin veio em defesa do aliado e acusou Varsóvia de querer intervir na guerra, uma bravata que revela os riscos de um embate descabido com a Otan. Com focos de atrito adicionais no Níger, na Síria e mesmo no Alasca, a Rússia dobra a aposta, contando com a inapetência ocidental por mais conflito.

editoriais@grupofolha.com.br

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