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Areia movediça

Alargar praias contra erosão é defensável, mas pode tornar-se trabalho de Sísifo

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Alargamento da praia de Canasvieira, em Florianópolis (SC) - Leonardo Sousa - 13.jan.20/Prefeitura de Florianópolis

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Salvo raras exceções, a população se beneficia com alterações da paisagem natural e apoia a construção de usinas de energia ou pontes e viadutos rodoviários.

Quando se trata de alargar praias com toneladas de areia, nem preservacionistas criticam tanto tais iniciativas —embora elas figurem entre os usos pouco sustentáveis de dinheiro público.

Levantamento da Folha detectou 24 megaprojetos para engordar praias, do Ceará a Santa Catarina, alguns já concluídos, outros em planejamento ou execução. Tudo somado desde 2018, está uma montanha de 24,5 milhões de m³ de sílica, o suficiente para encher 12 estádios do Maracanã.

Comparado com o volume total dos mares da Terra (1,3 bilhão de km³), e considerando que 1 km³ equivale a 1 bilhão de m³, a areia mobilizada nos empreendimentos balneários de fato não se qualifica nem como a proverbial gota no oceano. Já os recursos investidos, de R$ 1,8 bilhão, fazem diferença para os 21 municípios envolvidos.

Pode-se argumentar que o benefício em qualidade de vida compensa os custos, diluídos entre centenas de milhares de cidadãos. Ocorre que esse gênero de intervenção contém apenas temporariamente a contínua erosão marinha.

Mesmo com obras complementares de enrocamento, exige-se reposição de areia. Mais dinheiro público se esvai com as ondas e a maré. Isso sem mencionar os casos em que se acelera o processo erosivo, como o da praia de Ponta Negra, em Natal (RN), em que uma obra incompleta solapou a tentativa de proteger o calçadão.

O problema da erosão marinha é generalizado no litoral brasileiro, e o enfrentamento fica a cargo de prefeituras ou governos estaduais, que não orçam recursos necessários para manutenção. Tendo em vista que os danos só vão piorar com a elevação do nível do mar, a questão demanda coordenação em nível federal.

Uma estratégia nessa direção se esboça com o prometido acréscimo da erosão costeira no Plano Nacional de Mudança do Clima, ora em revisão pelo Planalto.

É um dos temas candentes no capítulo de adaptação para preparar a infraestrutura e o poder público para o aumento da temperatura e dos eventos extremos que ele acarreta, como ressacas portentosas.

Mais que apenas alargar praias, governantes necessitam prevenir a possibilidade de que algumas delas terminem riscadas do mapa.

editoriais@grupofolha.com.br

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