Siga a folha

Descrição de chapéu
O que a Folha pensa Banco Central

Alívio externo nos juros não basta para o BC

Indicação de queda nas taxas dos EUA é bem-vinda; aqui, gasto do governo e alta do dólar mantêm as pressões sobre preços

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Prédio do Banco Central, em Brasília (DF) - Pedro Ladeira/Folhapress

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

As reuniões dos comitês de política monetária do americano Federal Reserve e do Banco Central do Brasil, ambas ocorridas na quarta (31), evidenciaram cenários divergentes para os juros nos dois países.

Enquanto nos Estados Unidos a indicação clara foi de queda da taxa básica, hoje entre 5,25% e 5,5% ao ano, aqui o BC ainda se depara com riscos altistas para os preços que dificultam a redução da Selic, fixada em elevados 10,5%.

Para o Fed, o cenário é de convergência da inflação para a meta de 2%. Embora a taxa acumulada em 12 meses ainda se situe em 2,6%, a trajetória esperada é de redução nos próximos meses, com plena aderência em 2025.

Ademais, há sinais consistentes de desaceleração da atividade econômica, que foram reforçados com a divulgação de menor criação de postos de trabalho e aumento do desemprego em julho. A desocupação subiu de 4,1% para 4,3%, e os salários já crescem em ritmo compatível com o controle inflacionário desejado.

Embora seja prematuro considerar um quadro recessivo, a mecânica normal da política monetária, que leva em conta tanto a inflação quanto a atividade, recomenda o início de um ciclo de corte de juros já em setembro —que pode levar o custo do dinheiro no principal centro financeiro global para cerca de 3% até o final de 2025.

No Brasil, a situação é diversa. De positivo, há o vigor do mercado de trabalho e da renda. Segundo o IBGE, o desemprego ficou em 6,9% no trimestre encerrado em junho, a menor taxa desde 2014, e a massa salarial cresceu 6,4% acima da inflação em 12 meses.

Permanece a tendência de alta para a atividade, e o crescimento do Produto Interno Bruto pode superar 2% neste ano. Em contrapartida, a inflação se mantém pressionada pela demanda resiliente, puxada também por excesso de gastos públicos.

Não é por acaso que as expectativas para o IPCA deste ano e de 2025 têm subido nos últimos meses e se distanciado da meta de 3%.

A alta do dólar, que passa dos 18% neste 2024 pelo cálculo do BC (a moeda nacional é a de pior desempenho entre emergentes), encarece produtos importados.

Nas condições brasileiras, o maior perigo vem da gestão do Orçamento federal pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As despesas cresceram 10,6% no primeiro semestre, muito acima do limite de 2,5% fixado no marco fiscal, e o Planalto continua a mostrar falta de convicção para lidar com o descontrole evidente.

Com gastos públicos acelerados, dólar em alta e demanda interna pressionada, o BC terá mais dificuldade para acompanhar a baixa global dos juros que se inicia.

editoriais@grupofolha.com.br

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas