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O que a Folha pensa Governo Lula

Demissão de Silvio Almeida foi inevitável

Acusações de assédio desmoralizariam governo que empunha bandeira da defesa da mulher, mas não soube evitar o escândalo

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Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos - Pedro Ladeira/Folhapress

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Silvio Almeida mal durou 24 horas à frente da pasta dos Direitos Humanos depois da revelação, por meio de reportagem do portal Metrópoles, de que o agora ex-ministro é alvo de acusações de assédio sexual feitas sob anonimato.

A tornar o caso mais escandaloso, noticiou-se que uma das vítimas seria sua então colega de Esplanada Anielle Franco, da Igualdade Racial —e o silêncio dela a respeito da informação foi eloquente o bastante.

A rapidez na decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no entanto, é apenas aparente. Ao que tudo indica, as queixas contra o ministro já se acumulavam internamente havia meses, incluindo também denúncias de assédio moral, reportadas na quarta-feira (4) pelo UOL.

Diante do estardalhaço, restou a Lula agir sem maiores sutilezas. Já na manhã de sexta (6), declarou em entrevista que "alguém que pratica assédio não vai ficar no governo". Antes, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, já havia postado em uma rede social uma foto sua com Anielle.

Convocou-se uma reunião com cinco ministros para discutir o caso; fez-se saber que a Polícia Federal iniciaria investigações a respeito da conduta de Almeida.

No início da noite, a demissão foi comunicada sem meias palavras em nota do Planalto: "O presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo considerando a natureza das acusações de assédio sexual".

Pouco se sabe de concreto a respeito de tais acusações além de que foram apresentadas à organização Me Too Brasil, que as confirmou sem mencionar números nem nomes. A prática intolerável do assédio, que pode ocorrer por meio de condutas físicas e verbais, tende a ser de difícil comprovação jurídica, o que costuma intimidar suas vítimas.

Após a crise vir à tona, a professora Isabel Rodrigues, candidata a vereadora em Santo André (SP), postou vídeo em que relata ter sofrido agressão sexual por parte de Almeida em 2019.

O ministro exonerado errou ao usar a estrutura da pasta para fazer a sua defesa —na qual atribuiu as denúncias a uma suposta campanha contra sua imagem "enquanto homem negro em posição de destaque no poder público". De qualquer modo, sua saída já se tornara inevitável.

As acusações devem ser apuradas e ele precisa ter amplo direito à defesa. Se mantido no cargo, o processo traria desgaste descomunal a um governo que empunha a bandeira da defesa das mulheres e dos direitos humanos, mas não pôde prevenir um escândalo em seu primeiro escalão.

editoriais@grupofolha.com.br

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