Vou vestir minha camisa amarela neste sábado (7) e sair por aí. Quem sabe dou um pulo na Paulista em vez de ir para Paraty (RJ). Uma beleza encontrar o Bolsonaro e os seus adoráveis filhos, cada um mais democrata que o outro. E o Malafaia, este pastor de almas tão doce.
Dizem que lá também estarão o prefeito (qual é mesmo o nome dele?), o coach, que o prefeito diz ser do PCC, e que diz que um dos filhos do ex-presidente é retardado, com o que, diga-se, ofende todos os retardados.
Aquele menino sem modos de Minas promete vir, e Tiradentes dará uma bela revirada no túmulo.
Parece que a ex-deputada que aderiu ao prefeito, depois desaderiu para se juntar ao coach, e acabou rejeitada por ambos, não irá. O que é uma pena porque seremos poupados de sua exuberante forma física.
Apenas umas pequenas coisinhas, bem pequenas mesmo, têm causado certa confusão. O ato não era para desancar o Xandão? Pedir seu impeachment? Mudou, virou para pedir anistia aos golpistas de 8 de janeiro? Se sim, pergunto sem a menor intenção de ofender: Jair Messias Bolsonaro, tão solidário, já fez alguma visita aos presos?
Lembram-se a rara leitora e o raro leitor da romaria a Curitiba quando Luiz Inácio Lula da Silva esteve arbitrariamente preso por lá? Só não teve mais visitas porque a PF impunha regras rígidas. Aliás, será que o juiz que virou ministro, e suco, e seu procurador predileto estarão neste 7 de Setembro? Será bacana vê-los de posse de suas parcialidades no palanque.
Ainda sobre Bolsonaro, o amante da liberdade e da anistia, que prometeu fuzilar os petistas e lamentou o fato de o golpe de 1964 não ter matado uns 30 mil, mais o FHC: outro dia ele gravou um vídeo e disse que até morreu gente, entre os golpistas, na prisão. Foi, no entanto, incapaz de dizer o nome do falecido —que o Urubu de Taquaritinga, antigamente conhecido como Augusto Nunes, comparou a Vladimir Herzog, em blasfêmia de que só ele é capaz. Em tempo: o nome do golpista morto na Papuda é Cleriston Pereira da Cunha e não morreu sob tortura, mas no banho de sol, de mal súbito. Uma lástima.
Se bem que não é de se estranhar que o adorador do torturador Brilhante Ustra desconheça o nome de quem a extrema-direita quis transformar em mártir, e nem tenha feito alguma visita aos golpistas presos.
Afinal, para quem é responsável por tantas mortes durante a pandemia de Covid-19, um morto a mais ou a menos não faz a menor diferença.
E se nem seu ajudante de ordens ele visitou na cadeia, por que visitaria mais de mil desconhecidos, meras buchas de canhão usadas com a intenção de provocar intervenção das Forças Armadas para reestabelecer a ordem no país? Falando nelas: será que teremos as ilustres presenças de Augusto, o outro, igual, o Heleno? E o Braga Netto, virá?
Eles acertaram, afinal. Falaram tanto que bandido não subiria a rampa e, de fato, não subiu, nem subiram, se me entendem. Lembrem-se: tudo isso uma semana depois da posse do presidente eleito, em eleição na qual o derrotado gastou bilhões de reais de dinheiro público para mudar o resultado.
Ficou só com a marca de ter sido o primeiro a não se reeleger.
Enfim, este 7 de Setembro promete, certamente com a presença de algum Orleans e Bragança, nostálgico da escravidão.
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