Descrição de chapéu Governo Lula

Silvio Almeida, ministro de Lula, é acusado de assédio sexual

Ministro dos Direitos Humanos diz repudiar ilações e mentiras; relato foi recebido pela organização Me Too Brasil, e uma das vítimas seria Anielle

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Brasília

O ministro Silvio Almeida, titular da pasta de Direitos Humanos no governo Lula (PT), foi alvo de acusação de assédio sexual feita à organização Me Too Brasil.

O relato envolve casos que teriam ocorrido no ano passado. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, teria sido uma das vítimas de assédio sexual, segundo o portal Metrópoles, que revelou o caso. A Folha confirmou as informações. Questionada pela reportagem, Anielle não comentou.

Em nota publicada na noite desta quinta (5), Almeida negou as acusações e falou serem "ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro".

"Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país", afirmou.

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, em evento no Palácio do Planalto, em Brasília
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, em evento no Palácio do Planalto, em Brasília - Evaristo Sá - 23.nov.23/AFP

Em nota, a organização Me Too Brasil confirmou a acusação recebida contra o ministro, mas não indicou os nomes das denunciantes.

"A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico", diz.

"Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional para a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa", acrescentou a organização.

Em sua nota, Almeida disse que "há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências" e que, com isso, "perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro". "Confesso que é muito triste viver tudo isso, dói na alma", afirmou.

"Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas. Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso."

O ministro afirmou que falsas acusações configuram denunciação caluniosa e que "tais difamações não encontrarão par com a realidade". "Fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso."

Almeida disse que ainda que sempre lutará "pela verdadeira emancipação da mulher" e que vai "continuar lutando pelo futuro delas".

Anielle e Silvio Almeida foram anunciados ministros do governo Lula no mesmo dia, no final de dezembro de 2022.

Anielle é irmã de Marielle Franco, vereadora do PSOL do Rio de Janeiro assassinada em 2018. Nascida no complexo de favelas da Maré, ela é formada em jornalismo e literatura e concluiu o mestrado em relações étnico-raciais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ).

Ela se casou no final de julho com o criador de conteúdo Carlos Frederico da Silva, no Rio de Janeiro.

O ministro Silvio Almeida é mestre em direito político e econômico pela Faculdade de Direito do Mackenzie. Tem ainda graduação em filosofia e doutorado em direito pela USP (Universidade de São Paulo). Entre outros, é autor dos livros "Racismo Estrutural", "Marxismo e Questão Racial: Dossiê Margem Esquerda" e "Sartre: Direito e Política".

Advogado, professor e escritor, ele era colunista da Folha, mas deixou de publicar no espaço em novembro de 2022, após ter sido nomeado para a equipe de transição de Lula.

Ministros Simone Tebet, Silvio Almeida, Margareth Menezes e Anielle Franco durante lançamento da bancada em Defesa das Favelas
Silvio Almeida e Anielle Franco durante lançamento da bancada em Defesa das Favelas, em junho de 2023 - Renato Braga - 14.jun.2023/Divulgação Cufa

Reportagem do UOL publicada nesta quarta-feira (4) afirmou que a pasta de Silvio Almeida tem sido alvo de denúncias de assédio moral, com abertura de dez procedimentos internos de apuração.

A reportagem relatou que sete desses procedimentos haviam sido arquivados por "ausência de materialidade". Três estariam abertos pelo menos até julho de 2024.

Ao UOL o ministério negou haver ambiente de assédio na pasta e disse que a reportagem "se baseia em falsas suposições, sem lastro na realidade ou em qualquer registro produzido pelos órgãos de controle da pasta".

"Importante ressaltar que o ministério desenvolve diversas ações para prevenção e enfrentamento de assédios e discriminações", disse ainda a pasta, na nota.

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