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Tercio Borlenghi Junior

O que estamos fazendo diante da catástrofe climática?

Atônito, país assiste à devastação, mas de braços cruzados

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Tercio Borlenghi Junior

Sócio-fundador e CEO do Grupo Ambipar

Nos últimos meses, tenho lido e assistido aos jornais com muita consternação diante do que vem acontecendo com o meio ambiente. Os eventos climáticos extremos eram previsíveis e foram anunciados. O que fizemos para contê-los ou minimizá-los?

É sabido que as chuvas em grande volume no Rio Grande do Sul entre abril e maio, a seca que avança no norte do país, as queimadas que levam embora o bioma do Pantanal e de outras áreas do Centro-Oeste e do Sudeste, além da oscilação do clima, com altas e baixas temperaturas fora de época, estão totalmente conectadas.

Brigadistas lutam contra o fogo no município de Apuí (AM) - Adriano Machado - 8.ago.2024/Reuters

No fim da década de 2000, o mundo levou um choque ao tomar conhecimento e, a partir dali se familiarizar com duas palavras: aquecimento global. Desde então, a sociedade global corre contra o tempo para recuperar o tempo perdido. Dada a largada, essa corrida não para e parece não ter mais linha de chegada.

Gradualmente, ambientalistas, cientistas do clima, governos e representantes do tema reúnem-se para discutir ações eficazes para conter os danos climáticos. Entre elas, a emissão de gás carbono (CO2) no planeta.

Dono de um dos maiores biomas do mundo, o Brasil estará nos holofotes no próximo ano, uma vez que será sede da 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP30). O evento será realizado em Belém, no Pará, estado que enfrenta uma estiagem severa, com os níveis dos rios diminuindo em ritmo acelerado para esta época do ano.

A ONU busca zerar as emissões de carbono até 2050 por meio do movimento global "Race to Zero", que estabelece metas para o processo de descarbonização. Governos, empresas e a sociedade civil têm trabalhado duro e arduamente nessa "corrida para o zero", em tradução livre. Há quem esteja com medidas de redução na emissão de carbono no forno, há empresas alguns quilômetros à frente e há quem engatinhe, sem sair do lugar, com as medidas.

Pensando no tamanho do país e da população brasileira, o Brasil engatinha. Por mais que grandes grupos econômicos e grandes empresas venham fazendo trabalhos robustos ou até mesmo de formiguinha para serem mais sustentáveis, fazendo uso de energias limpas e contribuindo com a redução de carbono, o entrave para passos mais largos pode ser o financeiro.

Ser sustentável e seguir os processos de ESG têm custos e eles não são nem um pouco baixos. Recentemente, li uma reportagem na qual a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que, no Brasil, só o setor industrial demandará R$ 40 bilhões até 2050 para adotar medidas de descarbonização. Fico pensando no montante que outros setores como o energético, o de transportes ou o agronegócio, por exemplo, precisarão para emitirem menos gás carbônico.

A indústria tem uma participação importante nesse processo, uma vez que contribui com mais de 30% das emissões de gases de efeito estufa (GGE) no mundo. Também acompanhei que uma gigante do ramo de grãos tem tirado de sua matéria-prima o combustível para abastecer a sua frota de caminhões e do maquinário de suas operações em uma fazenda.

Eu poderia citar neste espaço inúmeros exemplos de empresas brasileiras que têm contribuído com essa corrida contra o tempo para atingir a meta de zero emissão de carbono. Mas ainda sinto que o Brasil engatinha nessa frente.

Dado este cenário, é importante a existência de empresas especialistas em desenvolver projetos e estratégias de redução das emissões de gases de efeito estufa, gera e vende créditos de carbono. Para fazerem a gestão ambiental por meio de produção de mudas, reflorestamento, conservação e restauração de florestas.

Falta pouco mais de um ano para a COP30, agendada para novembro de 2025, e em um curto período, teremos olhos globais voltados ao Brasil e à sua atuação na minimização dos impactos ambientais e na descarbonização. Enquanto isso, o país assiste atônito a bairros e cidades sendo devastados em função de chuvas, florestas pegando fogo, temperaturas atípicas, a saúde e a renda se deteriorando por esses impactos, mas de braços cruzados.

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