Flerte de Temer com reeleição atrapalha planos de Meirelles
Presidente passou a cogitar nova candidatura para defender seu governo
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A disposição de Michel Temer em discutir sua reeleição asfixiou os planos do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) para disputar a sucessão presidencial em outubro.
O chefe da equipe econômica de Temer abriu negociações para se lançar ao Palácio do Planalto pelo MDB como nome do governo, mas a sombra de uma possível candidatura do presidente ameaça interditar esse caminho.
Sem apoio de seu partido, o PSD, Meirelles poderia se filiar à sigla de Temer, mas viu seus prazos se estreitarem —ele precisa deixar o cargo até abril se quiser concorrer às eleições— quando o presidente se convenceu de que não tem nada a perder caso seja ele próprio o candidato que defenderá o legado de seu governo até outubro.
Se há dois meses o ministro discutia mencionar ou não Temer no programa de sua legenda na TV —e acabou por não fazê-lo, por medo de ser ainda mais contaminado pela impopularidade do presidente—, hoje Meirelles tem no apoio do Planalto a única alternativa para tentar fazer deslanchar sua candidatura.
O ministro e o presidente patinam nas pesquisas, ambos com entre 1% e 2% das intenções de voto segundo o Datafolha, e viram naufragar o discurso de que a melhora dos índices econômicos seria sentida pela população a partir do início deste ano.
Em um primeiro momento, Temer acreditava que esses números poderiam impulsionar sua popularidade a pelo menos dois dígitos, enquanto Meirelles apostava neles para melhorar seu desempenho nas pesquisas para a sucessão presidencial.
Mesmo sem os resultados —o ministro já fala em percepção da melhora na economia somente no fim do ano—, Temer e seus principais auxiliares entoaram o discurso de que o prazo para decidir o rumo do Planalto nas eleições é maio, o que inviabilizaria o cronograma de Meirelles.
Aliados do presidente, porém, afirmam que seu desejo é apenas "se redimir" de um governo tão impopular —70% das pessoas consideram sua gestão ruim ou péssima, segundo o Datafolha—, mas que seus anseios eleitorais não devem chegar até maio.
Ainda de acordo com esses assessores, o presidente busca uma saída diante do medo de ficar isolado no processo, visto que o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin (SP), mantém distância segura de Temer desde que os tucanos entregaram os cargos no primeiro escalão do governo.
A Folha apurou que o próprio Meirelles conversou com o presidente sobre os prazos e indicou que colocar o mês de maio como limite para a decisão pode ser tardio "para quem quer que seja o candidato do governo".
O ministro teme que, em três meses, as articulações para as alianças estaduais no MDB já estejam muito avançadas e possam prejudicar novos acordos que mirem a chapa presidencial.
À Folha, o presidente do MDB, Romero Jucá (RR), disse que Meirelles é "muito bem-vindo" no partido e que ele seria um "grande quadro" lançado ao Planalto.
FATOR MAIA
Pressionado pelo calendário e por Temer, o ministro da Fazenda pretende atravessar fevereiro com a mesma estratégia adotada até agora: entrevistas de caráter mais político e aproximação com o eleitorado evangélico.
Meirelles vai ainda reforçar a ideia de que Alckmin e o também presidenciável e chefe da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não defenderão o governo como ele.
A ambos, no entanto, não interessa ser carimbado como o candidato de Temer, cujo apoio nas eleições é rejeitado por 87% das pessoas.
Maia chegou a conversar com Meirelles sobre uma possível migração do ministro para o DEM, mas há cerca de três meses tem articulado voo solo mirando o Planalto.
Nas últimas semanas, além de PP e Solidariedade, o presidente da Câmara discutiu apoio a sua possível candidatura com integrantes de PR, PRB e PHS, mas ainda apresenta patamar bem tímido nas pesquisas —1%.
Para tentar melhorar seu desempenho e poder contar com o apoio efetivo de parte da base de Temer, Maia vai investir na mudança de agenda e focar em medidas de segurança, saúde e educação.
Aliados dizem que, para se apresentar como alternativa a Alckmin no espectro de centro-direita, o deputado precisa ir além do discurso de que tem o apoio do mercado.
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