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Morre Raymundo Costa, 66, um dos principais jornalistas políticos do país

O jornalista teve duas passagens pela Folha, tendo trabalhado na cobertura de política e como repórter da coluna Painel

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Brasília

Morreu no final da noite desta terça-feira (23) em Brasília o jornalista Raymundo Costa, 66, repórter especial e colunista do jornal Valor Econômico. 

Fumante em boa parte de sua vida, o jornalista foi diagnosticado com um câncer em 2016 e estava internado no Hospital de Brasília desde o dia 7, tendo morrido em decorrência de uma septicemia.

Paraense, Raymundinho, como era chamado pelos amigos, começou a carreira em seu estado, mas nos anos 70 já havia se mudado para Brasília, onde teve passagens de destaque pelos principais órgãos de imprensa nacional, entre eles as revistas Veja e IstoÉ e os jornais o Estado de S. Paulo e O Globo.

Jornalista Raymundo Costa, 66, repórter especial e colunista do jornal Valor Econômico, morto nesta terça-feira (23) em Brasília. O jornalista teve duas passagens pela Folha, tendo feito trabalhado na cobertura de política e como repórter da coluna Painel - Arquivo pessoal

O jornalista teve duas passagens pela Folha, tendo trabalhado na cobertura de política e como repórter da coluna Painel.

Dono de um texto refinado, Raymundo Costa era reconhecido no mundo político e jornalístico como um dos principais analistas dos bastidores do poder em Brasília, responsável por apurações que jogavam luz sobre as intrincadas engrenagens da disputa política, delineando os cenários e suas consequências.

"Raymundo foi um exemplo de repórter para todas as gerações. Discreto, escrevia com sofisticação e extrema inteligência sobre os bastidores da política. Vai fazer muita falta ao jornalismo profissional, tão essencial nos dias de hoje", afirma Leandro Colon, diretor da Sucursal de Brasília da Folha.

"Ele era um grande especialista no MDB atual, por exemplo, gostava de cobrir a área militar e era um devorador de livros. Tinha um desapego pelas coisas materiais. Era calado, às vezes se atrapalhava ao se expressar, pois sua principal forma de expressão era seu texto. Um texto escorreito, gostoso, que a pessoa não conseguia parar de ler da primeira linha ao ponto final", afirma a colunista do Estado e do GloboNews em Pauta Eliane Cantanhêde, amiga de Raymundo desde os anos 70, quando foram colegas na revista Veja.

Para outro colega, Fernando Rodrigues, que trabalhou por 28 anos na Folha, muitos deles ao lado de Raymundo, "a análise política séria, equilibrada e sem viés" perde muito com a morte do jornalista. "Ele era um jornalista de enorme experiência, que fez carreira exclusivamente no jornalismo profissional", diz Rodrigues, criador e diretor do portal de notícias Poder360.

A diretora de Redação do Valor Econômico (jornal que Raymundo Costa trabalhava desde 2005), Vera Brandimarte, afirmou que o jornal perde muito mais do que um de seus mais competentes profissionais, respeitado por leitores e por suas fontes. "A Redação do Valor perde um companheiro de todas as horas, que inspirava tanta estima que mesmo com o passar dos anos sempre foi chamado carinhosamente no diminutivo. Raymundinho compartilhava seus conhecimentos sem reservas e formava as novas gerações com muita generosidade."

​Co-autor do livro "Operação Araguaia - os Arquivos Secretos da Guerrilha", o jornalista Eumano Silva lembrou em suas redes sociais o furo (reportagem inédita e de grande relevo) de Raymundo em setembro de 1985, na revista IstoÉ. "Primeiras fotos da Guerrilha do Araguaia e cinco páginas de histórias inéditas. Você era um craque, amigo Raymundinho. Obrigado por toda inspiração."

Políticos lamentaram a morte do jornalista: "Perdemos nesta noite um dos jornalistas mais respeitados do país, Raymundo Costa. Competente, educado e observador atento dos fatos, teve trajetória brilhante em alguns dos melhores veículos de comunicação do país. Minha solidariedade aos amigos e à família", afirmou, em nota, o presidente Michel Temer (MDB).

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também se manifestou: "Um jornalista muito experiente, perspicaz da cena política, tivemos muitas boas conversas em Brasília. Presto minha solidariedade aos familiares e amigos."

Botafoguense fanático, Raymundo era casado com a pedagoga Graziela. Deixa também três filhas, Maíra, Nairã e Inaê, e quatro netos.

O velório do jornalista será realizado no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul de Brasília, das 14h às 16h30, na capela 7. O enterro ocorrerá às 17h.

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