Prédio do governo é ocupado por cerca de 300 mulheres indígenas em Brasília
Marcha composta por 110 povos busca pressionar governo Bolsonaro por melhorias na saúde indígena
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Cerca de 300 mulheres indígenas ocuparam na manhã desta segunda-feira (12) um prédio da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) em Brasília. O ato visava pressionar o governo Jair Bolsonaro por melhorias na saúde indígena, sobretudo das mulheres.
Elas esperavam uma reunião para tratar do tema e deixaram o prédio por volta das 19h30, após o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se dispor a receber líderes.
Líderes indígenas estão reunidas desde sábado (10) em Brasília para a Marcha das Mulheres Indígenas. Organizada pela Abip (Articulação Brasileira dos Povos Indígenas), a marcha tem o objetivo de discutir o que é ser mulher nas comunidades indígenas. As atividades seguem até esta quarta-feira (14).
O tema do protesto é “Território: nosso corpo, nosso espírito”. A organização estima a participação de 1.500 pessoas de 110 povos.
O grupo chegou em marcha ao local, no Setor de Rádio e TV Norte, por volta das 10h. Seguranças tentaram conter a manifestação mas as indígenas ingressaram no prédio, onde também funciona a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena). A maioria das mulheres ficou no térreo e no 4° andar do prédio, onde fica a Sesai.
Segundo Celia Xakriabá, da comissão organizadora, o grupo tentou inicialmente um encontro com a chefe da secretaria, Silvia Waiãpi, mas ela não atendeu as indígenas.
Silvia é indígena e militar e foi escolhida para o cargo pelo governo Bolsonaro.
O movimento indígena acusa o governo de usar a secretária para dividir os povos. Uma das maiores preocupações é a ameaça de mudança na política da saúde indígena, como a municipalização das ações.
A atuação histórica de Bolsonaro contra os movimentos e direitos indígenas e recentes medidas do governo, relacionadas à demarcação de terras e à Funai, aumentam a tensão.
"Tem muitas mulheres que nunca saíram das suas terras e estão aqui. Não é só um ato simbólico. A guerra do século 21 é pelo território, e querem adoecer nosso corpo e nossa alma", diz Celia.
"Não estamos aqui porque é bonito ou fácil. Se não tem lugar para as mulheres indígenas, não vai ter pra ninguém", diz. "E falar de saúde das mulheres não é desconectado dessa luta. Temos medo de permanecer vivas sem dizer quem a gente é. A nossa herança sempre vai ser a luta."
Indígenas reclamam que as condições do atendimento de saúde nas comunidades têm provocado aumento de doenças e mortes.
Cunllunh Teiê Xokleng, 61, diz que no polo de saúde de sua comunidade, em José Boiteux (SC), há falta de insumos básicos até para limpeza. "Onde está o dinheiro da saúde indígena?", questiona.
A programação da Marcha prevê debates sobre violação de direitos e empoderamento político, entre outros temas, e um encontro com autoridades, como ministros do STF (Supremo Tribunal Federal)
As indígenas montaram também um acampamento no gramado da Funarte (Fundação Nacional das Artes).
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