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Maia diz que governo estimula nome da esquerda para minar seu bloco de sucessão na Câmara

Presidente da Casa afirmou ainda que Planalto oferece cargos e emenda para atrair votos para Arthur Lira

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Brasília

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quarta-feira (16) que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tenta estimular a esquerda a lançar candidatura própria na sucessão da Casa para impedir que a oposição apoie seu nome na disputa.

Maia, que ainda não anunciou seu candidato, realizou café da manhã com jornalistas na residência oficial da presidência da Câmara. O deputado fez as declarações ao responder a pergunta sobre a possibilidade de a esquerda lançar nome próprio na eleição de 1º de fevereiro de 2021.

“Quem estimula hoje uma candidatura de esquerda é o governo”, afirmou, ressalvando que alguns partidos de esquerda historicamente defendem candidatura própria para marcar posição —caso do PSOL, que quer lançar nome na disputa à presidência da Câmara.

O presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) durante entrevista a jornalistas - Pedro Ladeira - 07.Dez.2020/Folhapress

“Mas acho que nas conversas mais fortes que estão acontecendo, o movimento das últimas horas, de uma tentativa de terceiro candidato, vem muito mais da tentativa do governo de tentar estimular, através das pessoas que têm simpatia pelo candidato do governo [Arthur Lira], a ter uma candidatura que não apoie um movimento mais amplo de independência da Casa”, disse.

Para atrair o PT, maior bancada da Câmara, Maia ofereceu ao partido o direito de escolher primeiro o cargo na Mesa Diretora desejado pela sigla. Poderiam ficar com os petistas, por exemplo, a primeira vice-presidência ou a primeira secretaria.

Maia afirmou que o governo está trabalhando para eleger o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do partido na Câmara. Segundo ele, o Palácio do Planalto está oferecendo cargos e emendas para atrair votos para o líder do centrão.

“Não está escondendo isso de ninguém, porque está recebendo no gabinete o ministro da articulação política”, afirmou.

Maia disse ainda que a intenção de Bolsonaro é emplacar um presidente da Câmara que apoie sua pauta de costumes —a favor de armas, por exemplo—, que é o que alimenta seu processo político.

“Ele não ter a pauta de costumes na Câmara reduz esse ambiente polarizado que, do meu ponto de vista, na opinião dele, é o que constrói a eleição. Construiu a outra, vai construir a próxima”, ressaltou.

“Ele não ter um debate mais intenso sobre meio ambiente, sobre armas, sobre minorias, na Câmara reduz o espaço de um debate nacional sobre costumes.”

Na avaliação de Maia, se Bolsonaro tivesse decidido lançar a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, à sucessão na Câmara, teria constrangido tanto o DEM quanto ele mesmo —ela foi eleita deputada pelo mesmo partido de Maia.

“Se ele tivesse feito um movimento um mês atrás, 45 dias atrás, era difícil não acabar convergindo para isso. Primeiro que é um grande quadro, mulher, primeira mulher presidente da Câmara”, disse.

Maia também afirmou que o atual processo de diálogo com a oposição e partidos de diferentes correntes é saudável para a política brasileira, pensando no cenário de 2022.

“A gente pode estar na mesa, como estava ontem [terça], com vários partidos de pensamentos diferentes. Eu acho que é um exercício político que é bom para o Brasil.”

Ele citou como nomes que teriam condição de participar desse movimento o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o apresentador Luciano Huck (sem partido), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), ou mesmo quadros do PT mais alinhados à centro-esquerda.

“Acho difícil o PT não ter candidatos [em 2022]. Mas o PT tem quadros de centro-esquerda também”, afirmou. No entanto, disse Maia, seria difícil o DEM apoiar o PT em 2022 e vice-versa.

”Acho muito difícil que o PT possa estar nesse campo de centro, centro-esquerda, centro-direita. Mas o PT tem quadros que representam também a centro-esquerda.”

Maia excluiu o ex-ministro da Justiça Sergio Moro desse espectro. Para ele, o ex-juiz “está no campo do Bolsonaro”.

“Não está no campo de centro, centro-direita, centro esquerda. Não acho”, ressaltou, citando como exemplo o fato de Moro apoiar o excludente de ilicitude, assim como Bolsonaro.

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