Siga a folha

Fachin descarta TSE impor sigilo sobre dados de doações eleitorais

Presidente da corte eleitoral, porém, diz que deve haver discussão sobre dados sensíveis de candidatos

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Edson Fachin, afirmou nesta quarta-feira (23) que, em sua gestão, não haverá imposição de sigilo sobre dados de doadores eleitorais e de pessoas que prestem serviços para campanhas políticas.

Fachin foi empossado na noite desta terça (22) como presidente do TSE, com previsão de ficar no cargo até o dia 16 de agosto.

O ministro disse que, embora essa imposição de sigilo não vá ocorrer em sua gestão, a questão "não é tão simples quanto parece" e deve haver discussão a respeito de dados sobre candidatos e ex-candidatos que possam ser sensíveis, como endereço residencial.

O ministro Edson Fachin - Nelson Jr. - 6.out.202/STF

Ele ressaltou, porém, que a prioridade é a transparência.

"Os atuais mecanismos que estão hoje à disposição da sociedade na Justiça Eleitoral, especialmente no Tribunal Superior Eleitoral, se forem alterados, talvez serão alterados após um longo debate com a sociedade e especialistas interessados, onde se evidencie em relação a esses dados questões como necessidade, utilidade e adequação", afirmou Fachin.

Como mostrou a Folha, entidades que defendem a transparência das informações públicas estão preocupadas com a possibilidade de o TSE impor sigilo sobre dados de doadores eleitorais e de pessoas que prestem serviços para campanhas políticas.

A discussão se dá num processo em que o TSE analisa a aplicação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) no contexto eleitoral.

A corte criou um grupo de trabalho e tem colhido sugestões sobre o tema. Ainda não há prazo para julgamento em plenário.

A falta de decisão sobre o assunto havia ligado o alerta o alerta de organizações que integram o Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas.

Em encontro que tiveram com o ministro, as entidades relataram o receio de que uma determinada leitura da LGPD leve a corte a privilegiar a proteção dos dados pessoais em detrimento da transparência, subvertendo o princípio da Lei de Acesso à Informação (LAI) segundo o qual a publicidade deve ser a regra, e o sigilo, a exceção. Na avaliação dessas organizações, seria um retrocesso.

Segundo Fachin, está sendo feito "um conjunto de procedimentos que propunha harmonizar essas duas grandezas, a proteção dos dados pessoais e a transparência".

Em entrevista a jornalistas nesta quarta, Fachin repetiu que priorizará a segurança no TSE e que os sistemas do órgão podem ser atacados, mas enfatizou que as urnas eletrônicas são seguras e não se conectam à internet.

Tanto o ministro como o TSE e as urnas eletrônicas têm sido frequentemente atacados por Bolsonaro, que não compareceu à posse. Em seu lugar, participou virtualmente o vice-presidente Hamilton Mourão.

Fachin afirmou nesta quarta que, na posse, houve "representantes de todos os Poderes, do Legislativo, do Executivo e do Judiciário" e que "do Executivo, esteve o vice-presidente da República, que representa o presidente em suas ausências".

"Portanto, o protocolo da presença está constitucionalmente satisfeito. No mais, depende do olhar que cada um vê as rosas da sua janela, podendo ver os espinhos ou as rosas. Eu vejo o fato, a posse se deu e hoje estou muito feliz e trabalhando", acrescentou.

Ao ser empossado, o ministro pregou em discurso cooperação pacífica, tolerância, "compromisso inarredável com a verdade dos fatos" e respeito ao resultado das eleições.

Fachin mandou uma série de recados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e cobrou a preservação do "patamar civilizatório a que acedemos" para evitar desgastes institucionais.

Ainda em seu discurso, o ministro afirmou que o respeito ao resultado das urnas, "mais do que reconhecer a dignidade do outro, é também proteger o avanço civilizatório".

A breve passagem de Fachin na presidência acontece porque chegará ao fim seu período como integrante do TSE. Segundo a Constituição, cada ministro pode ficar no máximo por quatro anos consecutivos como efetivos na corte eleitoral.

Fachin, que também é ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), substitui o ministro Luís Roberto Barroso na presidência. Barroso também deixa o TSE neste mês e, em seu lugar, ficará o ministro Ricardo Lewandowski.

O QUE DIZEM AS LEIS

Constituição

  • Protege a intimidade, a vida privada, a honra, a imagem e os dados pessoais, inclusive nos meios digitais.
  • Assegura a todos o acesso à informação e estabelece que a publicidade é um dos princípios da administração pública e de qualquer dos Poderes da União, como o Judiciário.

Lei Eleitoral (lei 9.504/1997)

  • Diz que os partidos políticos e os candidatos são obrigados, durante as campanhas eleitorais, prestar contas de doações recebidas, informando nome, CPF ou CNPJ dos doadores e os respectivos valores doados.

Lei de Acesso à Informação (lei 12.527/2011)

  • Tem como diretrizes a observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção, a divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações, e o fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública.
  • Estabelece que é dever do Estado garantir o direito de acesso à informação.

Lei Geral de Proteção de Dados (13.709/2018)

  • Tem o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade.
  • Considera dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas