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Desinformação atinge mulheres de presidenciáveis na campanha eleitoral

Tática de disseminar mentiras sobre as esposas dos candidatos não é nova, mas cresceu com o aumento da participação delas

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Guarulhos (SP)

Janja, como é conhecida a socióloga Rosângela da Silva, mulher de Lula (PT), não pediu a morte de Jair Bolsonaro (PL) nem foi destratada pelo marido nos bastidores de debate. Tampouco a primeira-dama Michelle Bolsonaro teve perfil no Twitter bloqueado após post com conteúdo de intolerância religiosa ou foi humilhada pelo presidente em evento do 7 de Setembro.

Esses são apenas quatro exemplos de peças de desinformação envolvendo as mulheres dos candidatos à presidência, que, presentes nas campanhas, passaram a ser alvo mais frequente de ataques mentirosos. O crescimento das mentiras sobre elas também se deu porque aumentaram as chamadas fake news contra os políticos, inclusive com a entrada de redes sociais que não existiam no Brasil na última eleição presidencial, como o Kwai.

De acordo com a cientista política Nara Pavão, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), as tentativas de manchar a imagem de Michelle e Janja com conteúdos falsos cresceram nesta eleição porque as mulheres estão ganhando mais destaque na política, com as campanhas dando mais centralidade às companheiras para tentar sinalizar a preocupação dos candidatos com o universo feminino. "No passado, a participação delas era mais tímida, mas as equipes querem campanhas menos masculinizadas", diz.

Rosângela da Silva, a Janja, e Michelle Bolsonaro; casadas, respectivamente, com Lula e Jair Bolsonaro, elas têm sido alvo de desinformação - Bruno Santos e Zanone Fraissat/Folhapress

Embora as mulheres sejam atingidas, Nara explica que o objetivo principal desses conteúdos de desinformação é prejudicar a imagem de seus maridos, aumentando a rejeição a eles para tumultuar a decisão dos eleitores indecisos. "As fakes news são negativas e difamatórias e tentam demonizar a imagem do oponente."

A tática de disseminar mentiras sobre as mulheres dos candidatos, diz João Finamor, professor de Marketing Digital da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) de Porto Alegre, não é nova. "Quando estamos falando de campanha, fazer associações negativas e desinformações é algo pensado estrategicamente para fragilizar a reputação do adversário."

O professor explica que o efeito da desinformação, que provoca emoções básicas nas redes sociais, como ódio e raiva, faz as pessoas se mobilizarem. "Como as eleições deste ano estão muito polarizadas, trabalhar com gatilhos e usar a desinformação para que certo candidato tenha uma movimentação contra seu oponente ajuda."

Finamor aponta que há diferenças nas maneiras como Janja e Michelle são trabalhadas nas campanhas de Lula e Bolsonaro. Para ele, Janja vem para demonstrar a sociabilidade de Lula e mostrar um lado não político, com o objetivo de humanizar o candidato em relação a nova fase e companheira.

Já Michelle vem para fazer um resgate entre o eleitorado feminino e associar positivamente o marido nesse grupo. "Não é à toa que ela está sempre presente em discursos que remetam às mulheres, para falar de projetos e leis em favor delas."

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