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Máquina de SP tem 19 mil cargos de confiança e já abriga aliados de Tarcísio no 2º turno

Tucanos e aliados de Rodrigo consideram que bolsonaristas não têm quadros suficientes para ocupar espaços

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São Paulo

Siglas que apoiam Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo turno ao Governo de São Paulo buscam manter espaços que ocupam na máquina estadual, hoje com mais de 19 mil cargos de confiança ativos.

Com o bolsonarismo à frente de Fernando Haddad (PT), Tarcísio foi endossado por legendas que formam a administração local, como União Brasil, PP, Podemos e MDB, e pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB).

Há quase 30 anos no poder no estado, os tucanos enraizaram seus quadros na robusta máquina pública paulista, com mais de 560 mil servidores e estimativa de orçamento de R$ 317,4 bilhões em 2023. Numa derrota histórica para o PSDB, Rodrigo nem sequer chegou ao segundo turno.

Da esq. para a dir., o governador Rodrigo Garcia, o presidente Jair Bolsonaro e o candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas - Bruno Santos - 4.out.22/Folhapress

Segundo o Datafolha, Tarcísio tem 50% das intenções de voto, contra 40% de Haddad. O líder da corrida estadual tem dito que, se vencer, o governo será ocupado por quadros técnicos —em discurso que lembra o de Jair Bolsonaro (PL) no início do governo, depois marcado pelo loteamento por políticos do centrão.

Embora citem razões programáticas, como a de impedir o PT de ganhar, os aliados de Rodrigo consideram que o grupo bolsonarista, também apoiado por partidos do centrão no estado, não tem pessoal suficiente para gerir uma máquina enorme e complexa como a de São Paulo. Os petistas, por sua vez, teriam.

Os cargos de confiança são aqueles em que podem ser alocadas pessoas que não são servidores permanentes, muitas vezes por meio de critérios políticos. Alguns dos postos oferecem salários até maiores do que o permitido pelo teto constitucional, de R$ 39 mil, sem contar os penduricalhos, como jetons para participar de conselhos de estatais. Além disso, as pastas controlam orçamentos bilionários.

Um dos novos apoiadores de Tarcísio, por exemplo, é o presidente da Câmara de São Paulo, Milton Leite (União Brasil). Conhecido pela influência tanto na máquina da capital quanto na do estado, o vereador paulistano tem nomes indicados por ele atuando na pasta de Logística e Transporte.

Dona de um orçamento de quase R$ 12 bilhões, dos quais cerca de R$ 10 bilhões já foram empenhados durante este ano eleitoral, a pasta tem sob seu guarda-chuva o DER (Departamento de Estradas de Rodagem). O órgão tem, ao todo, 1.124 cargos ocupados, além de 1.683 vagos.

O departamento também é responsável por construções de grande porte, como a duplicação da estrada do M’Boi Mirim, no extremo sul de São Paulo, reduto de Leite. Em vídeo nas redes sobre o apoio a Tarcísio, ele citou o compromisso de manter obras e programas. "Tem que concluir aquilo que foi iniciado."

O total de 19 mil cargos comissionados ocupados inclui desde órgãos totalmente independentes, como universidades, até autarquias tradicionalmente loteadas politicamente. Há ainda 12,8 mil cargos de confiança desocupados, de acordo com dados do governo.

Os dados foram compilados de listas que constam do site do governo, e incluem secretarias, estatais, autarquias e fundações, totalizando 87 órgãos.

Segundo levantamento da Folha, mais da metade das vagas está em órgãos com ingerência, e alguns, loteados por aliados. A pasta da Agricultura, comandada pelo MDB, tem hoje 226 cargos de confiança. Mas o chamariz da secretaria, crucial na interlocução com o agronegócio, vai além das vagas.

A secretaria ganhou força com a tentativa de Rodrigo de usar a máquina para se reeleger, com doações de tratores e veículos a cidades do interior. Neste ano, a previsão é que os gastos batam em R$ 1,5 bilhão.

Outro que já tem foto com Tarcísio nas redes é o ex-titular da Agricultura Itamar Borges (MDB), reeleito deputado estadual. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também endossou o bolsonarista.

O PP também comanda uma pasta poderosa. O secretário de Transportes Metropolitanos, Marco Antonio Assalve, foi indicado por Guilherme Mussi, presidente da sigla no estado. Debaixo das asas da secretaria estão o Metrô, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), que acumulam 963 cargos de confiança, além de 259 não preenchidos.

No caso do Metrô, há ainda diversos salários que ultrapassam o teto constitucional por ser uma empresa não dependente, sem necessidade de receber subsídios. Ao todo, também se enquadram nessa situação dez estatais, como Sabesp, Desenvolve SP e Prodesp, entre outras. No Metrô, a remuneração de agosto de alguns funcionários, por exemplo, ultrapassou R$ 60 mil, sem contar férias, abonos e 13º salário.

O quadro de cargos no estado era ainda maior, mas na gestão João Doria (PSDB) houve uma reforma administrativa que cortou 1.456 vagas em empresas e fundações, segundo dados do governo.

O Podemos, outro aliado de Rodrigo, é mais uma legenda com cargos no governo atual a declarar apoio a Tarcísio no segundo turno. A pasta comanda hoje a Secretaria de Esportes, com estrutura mais modesta de cargos políticos, 56 —mesmo número de postos ainda vagos.

O titular de Esportes, Thiago Milhim, presidente do diretório estadual da legenda, assumiu o cargo após o Republicanos desembarcar da gestão para apoiar Tarcísio contra Rodrigo. Quadros de siglas da coligação, como PSD, PL, PTB, PSC, PMN e PL, devem ser acomodados em um eventual governo do bolsonarista.

O partido do presidente Jair Bolsonaro terá cacife para exigir maior participação, uma vez que se firmou como a maior bancada da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), com 19 deputados.

Com a adesão dos novos aliados no segundo turno, além das siglas que já compõem sua aliança, Tarcísio, caso eleito, pode ter o apoio de ao menos 52 dos 94 deputados da Assembleia.

Colaborou Carolina Linhares

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