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Justiça do DF manda censurar reportagem após pedido de Lira

Decisão manda tira do ar texto da Agência Pública com relato de violência sexual; parlamentar não comenta

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Brasília

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal decidiu censurar uma reportagem publicada pela Agência Pública que trazia uma acusação de violência sexual contra o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

A decisão que determinou a remoção da reportagem foi proferida pelo desembargador Alfeu Gonzaga Machado, da 6ª Turma Cível do tribunal, em caráter de urgência. A ordem foi expedida no dia 6 de setembro.

O desembargador ainda determinou uma multa diária de R$ 1.000 caso a medida não fosse cumprida em até 24 horas.

A reportagem, intitulada "Ex-mulher de Arthur Lira o acusa de violência sexual", foi retirada do ar pela agência.

Procurado, Lira, por meio de sua assessoria, disse que não vai comentar a decisão judicial.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, no dia da votação do arcabouço fiscal - Pedro Ladeira - 22 ago. 2023/Folhapress

A Pública relatava na reportagem a afirmação de Jullyene Lins de que teria sofrido violência sexual em 2006, na mesma ocasião em que ela já afirmava anteriormente ter sido agredida com chutes e socos por Lira —o deputado foi absolvido dessa acusação pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2015.

A defesa do presidente da Câmara afirmou que a reportagem "foi forjada e concebida para atingir severamente" a sua honra "mediante a repetição serial de acusações" de caso já encerrado na Justiça.

O desembargador Machado também determinou à agência e à ex-mulher de Lira que se abstenham de divulgar ou promover publicações com o mesmo teor, "especialmente, imputando ao autor o suposto estupro praticado em novembro de 2006", sob pena de pagamento de multa de R$ 10 mil a cada veiculação.

Redes sociais também foram notificadas para remover temporariamente de suas plataformas o acesso aos conteúdos e links das reportagens no prazo de 24 horas.

O pedido contra a Agência Pública havia sido negado em primeira instância pelas 14ª e 8ª varas cíveis de Brasília, mas Lira recorreu das decisões.

Desta vez, o desembargador considerou que "a publicação que veicula informação lançada de forma a atingir a esfera da intimidade de outra pessoa configura abuso do direito à liberdade de expressão".

Segundo o magistrado, no caso da reportagem, "merece prestígio o direito fundamental à intimidade em detrimento da liberdade de expressão".

Ele também afirmou que, quanto mais tempo o conteúdo permanecesse no ar, mais potencializaria o prejuízo à imagem do deputado.

"Nem sempre a possibilidade de indenização pecuniária pela ofensa aos direitos da personalidade é capaz de recompensar o dano experimentado", disse, acrescentando que ele também foi inocentado da acusação pelo STF.

A agência, no entanto, afirma que a reportagem censurada trazia novas acusações da ex-esposa do deputado que não foram analisadas pelo Supremo.

Além disso, diz que a reportagem foi feita com base em documentos judiciais e fontes "que deram seu depoimento sobre os fatos e teve propósito informativo e de interesse público, sem qualquer ofensa a quem quer que seja".

"Acusações envolvendo violência de gênero, ainda mais por tratar-se de figura pública, é notícia em qualquer país democrático do mundo e sua publicação deve ser protegida pela garantia constitucional da liberdade de imprensa", diz a agência.

O portal também afirmou que a equipe jurídica está analisando o caso para definir os próximos passos e recorrer da decisão.

Esta não é a primeira decisão de censura, favorável a Lira, na Justiça do DF. Em julho, ele obteve liminar também para retirar do ar reportagem do site Congresso em Foco com relato de Jullyene Lins sobre violência sexual.

Jullyene Lins, em entrevista à Folha, em 2021 - Pei Fon - 13.jan.21/Folhapress

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