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Apareci na Folha como leitora que se emociona com detalhes

A cabeleireira e escritora Laura Piccoli fala sobre seu hábito de procurar fatos surpreendentes no jornal

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Laura Piccoli
São Paulo (SP)

A cabeleireira e escritora Laura Piccoli, 29, assina a versão impressa da Folha há quatro meses. No depoimento a seguir, a gaúcha que vive em São Paulo fala sobre a sua busca por episódios curiosos entre as notícias e a respeito do novo formato do jornal.

A cabeleireira e escritora Laura Piccoli lê a Folha no novo formato - Talita Menezes

Desde que comecei a assinar a Folha na versão impressa, tenho recortado algumas notícias muito peculiares.

No dia 6 de julho, saiu uma reportagem sobre novos estudos a respeito da ilha de Páscoa, refutando absolutamente tudo de "Fantástica Ilha de Páscoa" (1965), livro do etnólogo Francis Maziére. Não terminei o livro, óbvio. Fiquei brava com o spoiler, mas recortei. Lembrança com raiva também é lembrança.

Virou um ritual. Todo domingo, eu me sento na frente da escrivaninha e repasso os olhos no jornal já lido caçando algum fato esquisito ou surpreendente.

"Pesca do salmão divide Islândia, e cantora Bjork lidera protestos."

"Drone faz primeiro delivery no Everest e leva cilindros de oxigênio e suprimentos para os alpinistas."

"Brasil tem 2,4 mi de endereços em vias públicas sem nome."

Foi lendo o jornal que entendi que tenho o superpoder de saber quando os fatos vão marcar a minha vida enquanto eles estão acontecendo. Talvez por isso eu seja tão sensível e me emocione com os detalhes.

No penúltimo domingo, dia 25 de agosto, lendo frases de pessoas comuns no Painel do Leitor –uma das minhas partes preferidas e que me rende ótimos recortes–, fiquei pensando que seria sensacional aparecer na Folha: poder recortar minha aparição como prova de que eu realmente existo.

Poderia ser uma única frase. "O clima de São Paulo realmente está desértico", Laura Piccoli, cabeleireira, 29 anos.

Também li sobre a mudança de formato da Folha e fiquei pensando se ainda seria atravessada por tudo isso ou se ia mudar muito, acabando com o meu barato vintage.

Folha em formato berliner em meio a outros jornais que adotam o mesmo padrão - Folhapress

Na sexta seguinte, sonhei e decidi registrar o meu sonho em forma de reportagem. Bom, sonho escrito, joguei o texto na íntegra no ChatGPT para criar uma imagem como ilustração. Diagramei do meu jeito e dei muita risada, me dando conta que realmente me divirto com talvez muito pouco. Sorte.

Assim que o riso cessou, abri meu email e vi que um jornalista da Folha tinha me mandado uma mensagem perguntando se eu poderia fazer um relato sobre a nova versão do jornal.

Aos sábados, saio de casa e levo o jornal para ler no metrô. Agora não passaria mais vergonha com páginas enormes que caem no chão e roçam em braços alheios.

Eu disse: "claro!"

Metalinguagem tudo isso.

Não que eu seja 100% jovem mística, mas olha só o que aconteceu, meio surreal. Por sinal, descobri na Ilustrada Ilustríssima que a palavra surreal entrou para o vocabulário cotidiano graças ao movimento artístico, antes não era usada.

Joguei para o universo e veio. Sorte de novo.

Quando comecei a espalhar a notícia de que eu iria aparecer na Folha entre os meus amigos próximos, eles me perguntaram se era como cabeleireira ou escritora. Posso dizer que foi melhor do que isso. Vai ser como leitora, como uma pessoa que sempre se emociona com a história acontecendo.

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