Rankings estimulam busca pela qualidade nas universidades
Dados levantados por instituições auxiliam a formular políticas públicas mais eficientes
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Rankings universitários, que surgiram no Brasil na década de 1980, já alteram a maneira como as instituições do país montam suas estratégias para ganhar relevância em um ambiente cada vez mais competitivo.
Para os participantes do debate sobre o tema, ocorrido no primeiro seminário Desafios do Ensino Superior, rankings já são vistos como importante instrumento de gestão interna e devem também ser levados em consideração na criação de políticas públicas.
O evento foi realizado pela Folha, em São Paulo, e contou com o patrocínio da Unip.
“O ranking não sintetiza uma instituição, mas ele contribui para a visão do que devemos fazer para ter uma boa universidade”, disse Luiz Cláudio Costa, presidente do Observatório de Rankings Acadêmicos e de Excelência (Ireg), órgão ligado à Unesco.
“Quando sai o resultado, não é o fim, mas o começo; é quando os reitores devem se perguntar o que precisam fazer.”
Os palestrantes lembraram, porém, que esses resultados devem ser relativizados, pois cada ranking usa critérios diferentes para julgar a qualidade de uma instituição.
No britânico Times Higher Education (THE), por exemplo, um dos mais acessados do mundo, a pesquisa é responsável por 30% da nota.
Por isso é preciso levar em conta a vocação de cada universidade ao avaliar os resultados, ressalvou Marilia Ancona-Lopez, vice-reitora de graduação da Unip e reitora do Uniesi (Centro Universitário de Itapira).
Algumas instituições têm maior tradição em pesquisa, outras são mais voltadas à formação de profissionais.
Para além de fornecer uma boa base de gestão, a cultura de avaliação é importante para estimular a busca pela qualidade de forma ampla, segundo Adolfo Ignacio Calderón, professor da PUC-Campinas.
Coordenador da Rede Brasileira de Pesquisadores sobre Rankings, Índices e Tabelas Classificatórias na Educação Superior (Rankintacs), Calderón diz que países que publicam mais rankings internos, como a China, costumam aparecer em melhores posições internacionais.
Um ranking confiável, porém, se faz com dados adequados, cuja falta é um problema frequente e o maior desafio no Brasil, segundo Sabine Righetti, jornalista e organizadora do RUF (Ranking Universitário Folha).
Sabine afirmou que, em 2012, quando saiu a primeira edição do RUF, não havia ainda no país a tradição de divulgar dados para avaliação do desempenho, o que só ganhou importância recentemente dentro das instituições.
Neste ano, em uma ação coordenada, três universidades paulistas (USP, Unesp e Unicamp) criaram escritórios inteiramente dedicados à tarefa.
Outro problema apontado por Sabine é a total falta de dados como evasão e ações de extensão universitária, atividades que conectam a academia à comunidade, divulgando os conhecimentos produzidos no campus.
“Uma das funções do RUF é incentivar essa coleta para termos melhores políticas públicas, pois sem números não conseguimos fazer isso.”
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