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Comunicador, dominante, analista ou planejador? Saiba qual é seu perfil de trabalho

Softs skils em alta exigem autoconhecimento; testes de personalidade ajudam na busca

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São Paulo

As habilidades comportamentais, como capacidade de comunicação e resiliência, estão na mira dos recrutadores –e, com a pandemia, ganharam ainda mais importância no contexto do trabalho remoto. Descrever –e conhecer– a forma como se trabalha ganha importância na hora de participar de processos seletivos.

Quem está começando a vida profissional e ainda não recebeu muitos feedbacks ou não teve a oportunidade de fazer terapias e até trabalhar com coaches pode apostar em testes de personalidade, disponíveis online e de forma gratuita, como o teste de Myers Briggs.

Observar as próprias atitudes, pensar quais são as atividades e formas de trabalho são mais fáceis no dia a dia podem dar pistas para entender melhor sobre o perfil.

Para recrutadores, os tipos de personalidade discriminados nos testes são uma boa base para entender a forma de trabalho. Um dos sistemas mais usados, com adaptações de nomenclatura, é o DISC (dominância, influência, estabilidade, conformidade, em português), baseado nas teorias comportamentais do psicólogo William Marston, datadas de 1928.

O modelo, cuja sigla resume quatro perfis que podem ser mais ou menos expressivos em cada pessoa, só foi desenvolvido na forma de teste posteriormente e não pode ser entendido como definitivo ou preditivo: o foco é ser interrelacional, ou seja, ele faz sentido quando pensando para a interação social de uma pessoa.

"Mais de 80% das demissões hoje têm a ver com comportamento", conta Mônica Hauck, diretora da plataforma de gestão de pessoas Sólides. "Ainda temos o hábito de contratar pela técnica, mas o que vai determinar o sucesso é o comportamento."

Recrutadores alertam, porém, para o cuidado com rótulos. "Nem sempre o que nos define no início da carreira vai permanecer igual para sempre", diz Juliana França, gerente da consultoria Michael Page. Os perfis, além de variarem ao longo da vida, não são caixinhas: uma pessoa pode corresponder a uma mistura de mais de um.

"A pessoa de tecnologia que é boa hoje não é a mesma de dez anos atrás. Antes era um perfil analítico e operacional. Hoje o olhar da tecnologia é também de tomar decisão", diz França.

A Folha conversou com três especialistas em recursos humanos para entender quais são as características de cada perfil, quais são as habilidades que devem ser trabalhadas em cada um deles e como eles encaram o home office.

Executor/Dominante/Operacional

São pessoas assertivas e ativas, que não conseguem ficar paradas durante uma videochamada e precisam de ambientes dinâmicos.

Costumam ser extrovertidas, gostar de autonomia, de desafios e de trabalhar sob pressão. É um perfil bastante associado a posições de liderança.

"É uma pessoa focada no resultado e que não gosta do fracasso", comenta Juliane Oliveira, especialista em recursos humanos da consultoria Robert Half.

Oliveira afirma que, para obter o melhor desse profissional, é importante fazer perguntas: "Permite que ele chegue sozinho a uma conclusão. Ele é dominante, tem uma questão de ego".

Para um home office saudável, é importante que essas pessoas tenham metas bem definidas. Vale fazer chamadas de vídeo regulares e consistentes, mas rápidas e direto ao ponto.

Comunicador/Influente/Comercial

Para Hauck, é o perfil mais comum entre os brasileiros. "É o que melhor desenvolveu a oralidade, é altamente contagiante, são pessoas que gostam de se relacionar com outras pessoas."

Os comunicadores, apesar de criativos, não são tão disciplinados e apegados a rotinas. Hauck acredita que foram os mais afetados pelo home office, uma vez que precisam de relacionamento interpessoal constante.

Para se dar bem nesse período, é importante tomar cuidado com atrasos e criar uma agenda com atenção, além de buscar situações que, mesmo virtuais, estimulam a sociabilidade.

"Ele gosta de dar ideias, de receber elogios", comenta Oliveira, da Robert Half. "É a pessoa do brainstorm."

Para ela, é essencial se envolver com esse tipo de profissional: ligar a câmera durante chamadas de vídeo, fazer contato frequente, com tempo para uma conversa informal antes.

Vale tomar cuidado, porém, com a falta de organização, que pode levar a um desrespeito do horário de trabalho para realizar as tarefas, diz França, da Michael Page.

Planejador/Estável/Analítico

São profissionais que gostam de estabilidade e previsibilidade. Paciência e capacidade de ouvir são marcas registradas dessa personalidade –mas falta o jogo de cintura dos outros tipos.

Apesar de ser considerado introvertido, o planejador costuma ter o ritmo ditado pelo outro –de forma que, no home office, pode tender ao desânimo. A introversão também não significa que ele fale mal, mas que tem a fala marcada por um planejamento prévio.

"Ele precisa cuidar para não estagnar a rotina", alerta Hauck. Uma dica é aprender novas habilidades, mesmo que não sejam de trabalho: vale começar um novo hobby e incluir atividade física na agenda.

Para Oliveira, são as pessoas mais meticulosas, que gostam de ter um combinado e se manter nele. O pensamento pode ser mais lento do que dos outros perfis, então dar mais tempo a esse profissional é importante.

No home office, pontualidade e horários estabelecidos ajudam o planejador. Para os colegas, vale ter atenção com os processos e se colocar disponível para ajudar esses profissionais –eles nem sempre vão pedir ajuda de primeira.

Analista/Conformista

Hauck acredita que esse é o perfil menos comum no Brasil. São pessoas extremamente estruturadas, sistemáticas, detalhistas e disciplinadas.

"Quando temos um contrato de mil páginas, é essa pessoa que vai apontar a vírgula fora do lugar", diz.

Os analistas trabalham bem com a conformidade, outro nome para entender esse comportamento.

Para Oliveira, o analista pode ser reconhecido, ainda, pelo perfeccionismo e por uma tendência a evitar os riscos e focar no detalhe.

Esse profissional tem uma "comunicação focada em fatos, dados, detalhes e gosta de ver os prós e contras antes de tomar decisão", comenta.

Vale apostar também no registro e formalização por email de tudo que for conversado, principalmente se for possível dar acesso aos dados e detalhes das tarefas. "Compartilhe com ele o gráfico e a planilha, dê uma visão geral antes e um resumo depois."

Por trabalharem bem sem necessidade de interação, acabam se saindo bem no home office. "Na parte técnica, ele é super adequado para trabalhar de casa, mas tem a questão de ser um pouco pessimista. Pode ser um grupo que apresenta quadro maior de depressão, pode estar sendo mais afetado pelo cenário", comenta Hauck.

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