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Ex-funcionária diz que Facebook 'prefere lucro à segurança'

Frances Haugen, diretora de produtos do Facebook que deixou a empresa em maio, revela que forneceu documentos internos a jornalistas

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Ryan Mac Cecilia Kang
The New York Times

John Tye, fundador da Whistleblower Aid, organização sem fins lucrativos que representa pessoas que desejam denunciar potenciais infrações à lei, foi contatado na última primavera por meio de uma conexão mútua por uma mulher que afirmou ter trabalhado no Facebook.

A mulher disse a Tye e sua equipe uma coisa intrigante: ela teve acesso a dezenas de milhares de páginas de documentos internos da maior rede social do mundo. Em uma série de ligações, pediu proteção jurídica e um canal para divulgar a informação confidencial. Tye, que disse ter compreendido "em poucos minutos" a gravidade do material que a mulher apresentou, concordou em representá-la e chamá-la pelo codinome "Sean".

Ela "é uma pessoa muito corajosa e está assumindo um risco pessoal de responsabilizar uma companhia de trilhões de dólares", disse ele.

No domingo (3), Frances Haugen revelou que ela é "Sean", que denunciou o Facebook. Uma diretora de produtos que trabalhou durante quase dois anos na equipe de desinformação cívica na rede social antes de sair, em maio, Haugen usou os documentos que reuniu para denunciar o quanto o Facebook sabia sobre os danos que estava causando e ofereceu as evidências a legisladores, reguladores e à mídia.

A denunciante Frances Haugen durante entrevista a Scott Pelley, para o programa 60 Minutos, da CBS News - Robert Fortunato/CBS News via Reuters

Em entrevista ao programa de TV "60 Minutes" que foi ao ar no domingo, Haugen, 37, disse que se alarmou com o que viu no Facebook. A companhia repetidamente colocava seus próprios interesses em primeiro lugar, antes do interesse público, disse ela. Por isso copiou páginas da pesquisa interna da empresa e decidiu fazer algo a respeito.

"Eu vi muitas redes sociais, e no Facebook era substancialmente pior do que eu tinha visto antes", disse Haugen. Ela acrescentou: "O Facebook mostrou repetidas vezes que prefere o lucro à segurança".

Haugen entregou muitos dos documentos ao Wall Street Journal, que no mês passado começou a publicar as conclusões. As revelações —inclusive que o Facebook sabia que o Instagram estava agravando o problema de imagem corporal entre adolescentes e que ele tinha um sistema de justiça de duas camadas—​ provocaram críticas de legisladores, reguladores e do público.

Haugen também apresentou uma queixa de denúncia à SEC (Securities and Exchange Commission, agência federal que regulamenta os mercados de valores mobiliários dos Estados Unidos) acusando o Facebook de enganar investidores com declarações públicas que não seguiam suas ações internas. Ela falou com legisladores como os senadores Richard Blumenthal e Marsha Blackburn e compartilhou lotes de documentos com eles.

Na terça-feira (5) ela deverá depor no Congresso sobre o impacto do Facebook em jovens usuários.

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