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Guilherme Motta

Pornografia deveria ser eliminada das redes? SIM

Hábito crescente na população masculina brasileira traz riscos à saúde mental e sexual

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Guilherme Motta

Urologista e professor da Universidade Federal de Santa Maria

O ato de assistir a pornografia tornou-se um padrão comum de comportamento com a intenção de melhorar o bem-estar e a satisfação sexual.

Na minha prática médica de consultório urológico, o tema tem sido abordado. Já recebi diversos adultos, inclusive adolescentes acompanhados dos pais, para tratar do vício nesse conteúdo.

Sem o objetivo de polemizar, considero que o ideal seria uma conscientização sobre os riscos que o consumo excessivo pode causar. Ressalto seu caráter de tolerância progressiva, semelhante ao vício em drogas ou jogos de azar e, portanto, seria importante a regulação do uso.

Cena do documentário "PornHub: Sexo Milionário", de Suzanne Hillinger - Divulgação

Realizamos um estudo entrevistando estudantes de medicina de 12 universidades em todas as regiões do país. Observamos que 58% dos participantes consomem regularmente esse material (pelo menos uma vez por semana) e que apenas 4% nunca usaram, o que confirma esse padrão crescente de hábito na população masculina brasileira.

Esse número expressivo tem diferentes explicações, tais como o fácil acesso a sites e o isolamento social causado pela pandemia.

A literatura médica demonstra que a pornografia tem sido associada a alterações sociais e psiquiátricas, tais como depressão, ansiedade, insatisfação com a vida e com o parceiro ou parceira.

Nossa pesquisa identificou diversas associações negativas entre a intensidade de consumo e variáveis relacionadas à atividade sexual, algo ainda pouco explorado.

Entre os achados, observamos um aumento na prevalência de ejaculação precoce no grupo de homens que assiste mais frequentemente a esse conteúdo. Uma das possíveis explicações se dá pelo fato de que os vídeos dos principais sites têm duração reduzida, o que leva a um condicionamento para atividade sexual mais rápida que o habitual.

Acho fundamental haver espaço para tratar desse assunto atual, mas pouco comentado. Ressalto, inclusive, a dificuldade que tenho em publicar os resultados de nossa pesquisa nas revistas especializadas em urologia e andrologia, com a justificativa dos editores de que é um assunto polêmico que estaria extrapolando o tema da especialidade.

Se colegas especialistas na saúde masculina têm restrições para abordar o assunto, imagine a situação de pacientes e familiares.

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